Macron canta vitória contra a covid-19 e acelera desconfinamento em França
O Presidente francês diz que a luta contra a pandemia ainda não terminou, mas declarou uma primeira vitória. Prometeu transformar a economia francesa e diminuir a sua dependência externa.
O pior da pandemia de covid-19 já foi ultrapassado, mas o vírus não desapareceu e os franceses devem continuar vigilantes. Quem o disse foi o ministro da Saúde francês, Olivier Veran, um dia depois de o Presidente Emmanuel Macron ter anunciado a intenção de acelerar os planos para o desconfinamento em França e de transformar a economia francesa. Todos os cafés e restaurantes de Paris podem reabrir a partir desta segunda-feira e os lares voltaram a receber visitas.
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O pior da pandemia de covid-19 já foi ultrapassado, mas o vírus não desapareceu e os franceses devem continuar vigilantes. Quem o disse foi o ministro da Saúde francês, Olivier Veran, um dia depois de o Presidente Emmanuel Macron ter anunciado a intenção de acelerar os planos para o desconfinamento em França e de transformar a economia francesa. Todos os cafés e restaurantes de Paris podem reabrir a partir desta segunda-feira e os lares voltaram a receber visitas.
“A luta contra a epidemia ainda não terminou, mas estou feliz sobre esta primeira vitória contra o vírus”, disse o Presidente francês num discurso televisivo dirigido aos franceses no domingo à noite. “Tão cedo quanto amanhã [hoje] vamos poder virar a página deste primeiro capítulo por todo o nosso território”, acrescentou.
O ministro da Saúde sublinhou isso mesmo, esta segunda-feira, em declarações ao canal LCI: “A maior parte da epidemia já está atrás de nós, mas o vírus não está morto. Não o derrotámos completamente e estamos a controlar a sua circulação”. Olivier Veran garantiu que o executivo continua a privilegiar a realização de testes, para se saber a dimensão da circulação do vírus, e que está a tentar “evitar o ajuntamento de pessoas em ambientes fechados”.
Os ajuntamentos com mais de dez pessoas em espaços públicos e eventos que ultrapassem mais de cinco mil pessoas continuam proibidos num momento em que se registam algumas das maiores manifestações anti-racismo no país, duramente reprimidas pela polícia de choque. O executivo prometeu estar a exercer um “controlo estrito” para impedir grandes aglomerações.
A França regista até esta segunda-feira mais de 194 mil doentes de covid-19, dos quais 72,982 estão recuperados, e 29,410 óbitos, de acordo com a contagem da americana Universidade Johns Hopkins. No domingo, as autoridades francesas anunciaram mais nove mortes, representando o quinto dia consecutivo em que o valor fica abaixo das 30. A França é o nono país com mais casos no mundo e o quarto na Europa, ficando atrás do Reino Unido, Espanha e Itália.
Macron decretou a quarentena em meados de Março e nas semanas que se seguiram os hospitais franceses, principalmente em Paris, entraram em ruptura. O Governo foi acusado de ter desvalorizado a ameaça do coronavírus, até o Presidente decretar a quarentena e de ter enfraquecido o serviço nacional de saúde francês com políticas de desinvestimento.
No domingo, Macron anunciou aos franceses a intenção de acelerar os planos para o desconfinamento no país e aproveitou para confirmar que a segunda volta das eleições municipais será realizada a 22 de Junho.
Todo o país foi classificado a partir desta segunda-feira como “zona verde”, ou seja, como área de alerta baixo, permitindo assim a abertura de todos os cafés e restaurantes, e não apenas daqueles que tenham esplanadas. A visita aos lares também passou a ser permitida. E soube-se que os alunos vão poder regressar à escola, com excepção dos do secundário, a partir de 22 de Junho. Apenas os territórios de Mayotte, no Oceano Índico, e da Guiana Francesa, na América do Sul, vão permanecer no nível de alerta “laranja”, devido ao elevado número de casos continuar a representar uma ameaça significativa.
O anúncio de Macron foi recebido com alívio pelos proprietários de restaurantes e cafés, dado que responsáveis do Governo tinham dado indicações de que poderiam vir a abrir apenas daqui a uma semana, a 22 de Junho. “Vai ser uma festa”, disse à AFP Stephane Manigold, dona de quatro restaurantes em Paris. “Estávamos à espera do discurso do Presidente. As nossas equipas estão prontas e estamos desejosos de regressar ao trabalho”.
A França foi duramente atingida pelas consequências económicas da pandemia, à semelhança do resto da Europa e do mundo. As previsões do Governo indicam que a economia deverá encolher 11% em 2020 e que desapareçam 800 mil empregos (2,8% do emprego total) até ao final do ano e o Banco Central de França calcula que o desemprego chegue aos 11,5% em meados de 2021. Antes da pandemia, a taxa de desemprego no país situava-se nos 8,1%.
No seu discurso, Macron defendeu que a França precisa de um novo modelo económico para sair da maior crise económica que se avizinha desde a Grande Depressão, em 1929, e para que todos os franceses tenham um lugar nessa economia. “Com esta pandemia, a economia global virtualmente parou. A nossa primeira prioridade será reconstruir a economia para ter uma economia forte, ecológica, soberana e unida”, disse Macron. “A única resposta é construir um modelo económico novo, mais forte, trabalhar e produzir mais, e não depender tanto de outras” economias.
Uma posição que tem por base o entendimento das “falhas e fragilidades” do país, mas também da Europa, ao depender de cadeias de abastecimento globais. Essa dependência ficou bem espelhada quando houve carência de máscaras e ventiladores, fundamentais para o tratamento dos pacientes mais graves de covid-19, produzidos na China. O Governo já mobilizou 500 mil milhões de euros para ajudar empresas e famílias durante a pandemia.