Bares pedem “reabertura imediata”: “Já não é insatisfação, é desespero”
Meia centena de espaços tradicionais, maioritariamente com lugares sentados, uniram-se no Movimento para a Abertura dos Bares. Em carta ao primeiro-ministro, subscrita também por várias figuras públicas, pedem a “reabertura imediata” e apoios para vencerem uma “situação insustentável”.
Depois de três meses de portas encerradas, e sem previsão de data de reabertura autorizada pelo Governo, cerca de 50 empresários do sector uniram-se no Movimento para a Abertura dos Bares (MAB) e fizeram chegar uma carta ao primeiro-ministro a pedir a “reabertura imediata dos bares tradicionais”, cumpridas as mesmas regras de segurança e de higiene de outros espaços de restauração.
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Depois de três meses de portas encerradas, e sem previsão de data de reabertura autorizada pelo Governo, cerca de 50 empresários do sector uniram-se no Movimento para a Abertura dos Bares (MAB) e fizeram chegar uma carta ao primeiro-ministro a pedir a “reabertura imediata dos bares tradicionais”, cumpridas as mesmas regras de segurança e de higiene de outros espaços de restauração.
“Na semana passada, estávamos à espera de sermos englobados naquela janela de reaberturas e, mais uma vez, não fomos”, lamenta Maria João Pinto-Coelho, do Bar Procópio e porta-voz do MAB. “Continuam só a falar em discotecas como se nós não existíssemos”, critica. “Foi a gota de água para nos unirmos e em três dias começámos este movimento.”
Na carta enviada ao primeiro-ministro, com certa de duas centenas de signatários, incluindo figuras públicas como o antigo embaixador Seixas da Costa, o músico e empresário Manuel João Vieira, ou o escritor João Tordo, defendem que “estes pequenos bares não são mais do que as pastelarias e cafés, com diferente horário” e alertam para o facto de a “lei seca” imposta pela pandemia começar a “fechar contas bancárias, a atrasar rendas, a dificultar a vida com os razoáveis fornecedores”. “Já não é insatisfação, é desespero”, diz ao PÚBLICO a porta-voz.
Maria João Pinto-Coelho aponta ainda para prejuízos na ordem dos “300 milhões de euros por mês” no sector e recorda que os bares de casinos, hotéis e restaurantes foram autorizados a reabrir, não encontrando “nenhuma justificação”, por comparação, para que os espaços representados pelo MAB permaneçam encerrados, uma vez que os lugares disponíveis são “maioritariamente sentados” e não dispõem de pista de dança (ou, no caso de “bares mistos”, esta seria encerrada e adaptada à nova realidade).
Apesar de estarem incluídos na mesma CAE (Classificação de Actividade Económica) das discotecas, defendem que o conceito se aproxima mais dos pubs ingleses e, por conseguinte, dos restaurantes e cafetarias. Partilham os mesmos horários de outros espaços de diversão nocturna e vendem maioritariamente bebidas alcoólicas, compara a responsável, mas também “servem comida” e, tal como os restaurantes e cafés, “fazem acolhimento personalizado aos clientes, vão à mesa receber os pedidos, as pessoas estão sentadas quando fazem os pedidos, não há pistas de dança nem música alta”.
Aponta as gasolineiras, as mercearias, os cafés e restaurantes, para além dos bares em casinos e hotéis, para argumentar que actualmente “não há estabelecimento que não faça de bar a não serem os bares”. Manterem-se obrigatoriamente encerrados é “discriminatório”, acusa. E garante que “imensos bares” estão “a mudar de CAE para poderem abrir porque já não aguentam a pressão de estarem fechados e viraram cafetarias e petiscarias para poderem sobreviver”.
“Estamos a falar de agregados familiares que estão a ficar sem dinheiro para comer porque as empresas vão à falência.” O layoff simplificado, defende, não “resolve o problema” e já não chega: “a situação está insustentável”. Em comunicado, o MAB defende “a necessidade de revisão das taxas de IVA e TSU”, para além de outras medidas de apoio ao sector: como a “simplificação do acesso aos fundos perdidos para as micro e pequenas empresas e às linhas de apoio à economia covid-19”, redução de licenciamentos camarários, redução dos custos energéticos, entre outras, enumera a porta-voz.
Sem qualquer apoio estatal, “a maior parte destes negócios não se vai aguentar” mesmo que reabram brevemente, vaticina. “Não têm espaço suficiente para terem número mínimo de clientes que lhe pague as despesas”, isto se os consumidores regressarem. “Vejo pelos restaurantes, vazios. As pessoas têm medo e não têm dinheiro.”
O movimento inclui bares históricos como o Procópio, Paródia, Foxtrot e Pavilhão Chinês, e outros marcantes como o Cinco Lounge, Baliza ou O Bom O Mau e O Vilão - todos em Lisboa, mas a lista de apoios associativos inclui a Direcção da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto, além do Grupo de Bares e Comerciantes da Misericórdia (que abrange o Bairro Alto).