Estado de emergência tirou 1,23 milhões de toneladas ao movimento portuário

Quebra da actividade portuária foi de 4,1%. No porto de Lisboa, devido à instabilidade laboral, recuo chegou quase aos 25%.

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A central termoelectrica de Sines praticamente não teve produção de electricidade Miguel Manso

Entre Janeiro e Abril de 2020, período durante o qual o país viveu algumas semanas em estado de emergência decretado por causa da pandemia de covid-19, os portos do continente movimentaram um total de 28,63 milhões de toneladas de carga, um decréscimo de 4,1% do volume global face a igual período de 2019. O facto de quase não haver produção nas centrais de carvão de Sines e do Pego, e a instabilidade laboral do Porto de Lisboa justificam estas quebras. 

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Entre Janeiro e Abril de 2020, período durante o qual o país viveu algumas semanas em estado de emergência decretado por causa da pandemia de covid-19, os portos do continente movimentaram um total de 28,63 milhões de toneladas de carga, um decréscimo de 4,1% do volume global face a igual período de 2019. O facto de quase não haver produção nas centrais de carvão de Sines e do Pego, e a instabilidade laboral do Porto de Lisboa justificam estas quebras. 

De acordo com os dados publicados no relatório sobre o movimento portuário divulgado pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, lê-se que durante o estado de emergência o recuo global registado se traduziu em quase -1,23 milhões de toneladas de carga. 

A quebra de movimentação global nos primeiros quatro meses do ano corresponde essencialmente ao comportamento do mercado do carvão em Sines que, por razões exógenas à própria actividade portuária, registou uma quebra de 1,3 milhões de toneladas, resultante do facto de praticamente não haver produção de electricidade nas centrais termoeléctricas de Sines e do Pego, alimentadas por este combustível fóssil. Entre Janeiro e Abril de 2020, estas centrais registaram uma quebra de produção de 98,5% e de 74,2%, respectivamente - e no mês de Abril o registo de produção foi mesmo nulo.

A par do carvão, a carga contentorizada desempenhou um papel na quebra global observada, contribuindo com menos 580 mil toneladas movimentadas, com a maior responsabilidade a ser imputada ao porto de Lisboa, que continua a ser palco de uma enorme instabilidade laboral. 

Entre Janeiro e Abril deste ano, o segmento dos contentores registou uma quebra significativa de 5,3% face a igual período de 2019, a que correspondem menos 51,1 mil TEUs movimentados (TEU é uma medida da capacidade de um contentor). No entanto, existem algumas diferenças na expressão da variação a nível de cada porto. Se em Lisboa a carga diminuiu (perdeu 53,7 mil TEUs, o equivalente a -36,9%, face ao período homólogo de 2019), Leixões e Setúbal acabaram a registar o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, com 245.804 e 52.112 TEU, trazidos pelo aumentos no volume 6,9% e de 4,2%, respectivamente.