Padre António Vieira: uma vida em tensão, um legado em discussão
Foi missionário e diplomata, pregou a igualdade de todos os homens perante Deus e defendeu o comércio de escravos por estratégia política (e teológica). Homem de contradições flagrantes, Vieira está em Portugal no centro da discussão sobre a memória histórica que se desenrola mundo fora.
“Descoloniza”, escreveram no pedestal da estátua de Padre António Vieira, vandalizada por estes dias no Largo Trindade Coelho. A mesma tinta vermelha foi aplicada na boca, nas mãos e no hábito do missionário jesuíta do século XVII, figura de absoluto destaque da cultura e das letras portuguesas, exacerbado oficialmente como pioneiro na defesa dos direitos humanos. A tinta vermelha na estátua firmou de forma evidente a visão contrária: está manchado de sangue o legado de António Vieira — mensagem acentuada pelo coração pintado no peito das três crianças ameríndias esculpidas a seus pés.
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“Descoloniza”, escreveram no pedestal da estátua de Padre António Vieira, vandalizada por estes dias no Largo Trindade Coelho. A mesma tinta vermelha foi aplicada na boca, nas mãos e no hábito do missionário jesuíta do século XVII, figura de absoluto destaque da cultura e das letras portuguesas, exacerbado oficialmente como pioneiro na defesa dos direitos humanos. A tinta vermelha na estátua firmou de forma evidente a visão contrária: está manchado de sangue o legado de António Vieira — mensagem acentuada pelo coração pintado no peito das três crianças ameríndias esculpidas a seus pés.