OMS clarifica declarações sobre ser “raro” transmissão em pessoas sem sintomas: foi um “mal-entendido”

A responsável pela área das doenças emergentes da Organização Mundial de Saúde admite que é necessária mais investigação e mais dados para se ter uma “resposta verdadeira”, mas diz que os dados actuais apontam para que seja “muito raro”. Entretanto, Kerkhove esclareceu que se tratou de um “mal-entendido” e que a questão continua “em aberto”.

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Especialista da OMS, Maria Van Kerkhove, defende que a redução "drástica" da pandemia passa sobretudo por isolar doentes com sintomas Reuters/Denis Balibouse

Embora sem certezas absolutas, que é coisa que não existe em relação à pandemia de covid-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) veio pôr em causa um dos princípios basilares das políticas de combate à doença, ao testemunhar que parece ser “raro” alguém sem sintomas passar a infecção a outra pessoa.

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Embora sem certezas absolutas, que é coisa que não existe em relação à pandemia de covid-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) veio pôr em causa um dos princípios basilares das políticas de combate à doença, ao testemunhar que parece ser “raro” alguém sem sintomas passar a infecção a outra pessoa.

“De acordo com a informação de que dispomos, parece ser raro que uma pessoa assintomática transmita a infecção a outra pessoa”, disse a responsável pela área das doenças emergentes da OMS, Maria Van Kerkhove, em resposta a uma pergunta da agência Reuters, na conferência de imprensa de segunda-feira.

No entanto, esta terça-feira, Kerkhove esclareceu que “estava apenas a responder a uma pergunta, não estava a referir uma política da OMS ou algo do género”. A responsável da OMS referiu que se tratou de um “mal-entendido”.

De acordo com Kerkhove, as estimativas de transmissão do novo coronavírus a partir de pessoas sem sintomas surgem de diferentes modelos, que podem não fornecer uma representação precisa. “Essa é uma grande questão em aberto e mantém-se como uma questão em aberto”, esclareceu.

Na conferência de imprensa habitual da OMS em relação à actual pandemia, Maria Van Kerkhove especificou que têm informação de “vários países que têm estado a fazer um rastreio detalhado dos contactos estabelecidos. Têm seguido casos de pessoas assintomáticas. Têm seguido contactos feitos. E não encontraram transmissão secundária. É muito raro” tal acontecer.

As medidas de distanciamento social e de confinamento que têm sido adoptadas um pouco por todo o mundo têm sido justificadas em parte pela possibilidade de o vírus SARS-CoV-2 ser também transmitido por pessoas sem sintomas, o que aumentaria a propagação da pandemia.

Apesar de admitir que é necessária mais investigação e mais dados para se ter uma “resposta verdadeira” à questão de o vírus se poder transmitir amplamente através de pessoas assintomáticas, Maria Van Kerkhove defendeu que a principal estratégia dos governos no combate à covid-19 deve-se centrar no “acompanhamento e isolamento das pessoas infectadas que tenham desenvolvido sintomas”. “Desta forma reduziremos drasticamente” a actual pandemia, assegurou.

Um estudo do Centro de Controlo e Prevenção da Doença dos EUA, publicado em Abril, dava conta de que a transmissão do vírus por pessoas sem sintomas seria a causa mais provável de 243 casos infecção secundária concentrados em sete clusters.

A especialista da OMS admitiu que a disseminação do vírus por pessoas que ainda não desenvolveram sintomas (ou que nunca chegam a desenvolver) “parece continuar a acontecer”, embora seja muito, “muito raro”, insistiu, lamentando que a informação existente sobre estas situações “não esteja a ser publicada” nas revistas científicas.

Esta semana, a revista Nature publicou um estudo de uma equipa do Imperial College de Londres e da Universidade de Oxford onde se dá conta de que as medidas de confinamento terão salvado a vida a 3,1 milhões de pessoas.