Apesar das críticas, PSD ajudou PS a chumbar audição de António Costa Silva no Parlamento
Iniciativa Liberal queria ouvir na Assembleia da República o gestor convidado pelo primeiro-ministro para desenhar o programa de recuperação económica e social.
Quem ouviu o vice-presidente da bancada do PSD, Adão Silva, no debate quinzenal da passada semana atacar a opção do primeiro-ministro de convidar o gestor António Costa Silva para desenhar o programa de recuperação da economia pensaria que os sociais-democratas apoiariam um escrutínio prévio do gestor na Assembleia da República. Afinal não.
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Quem ouviu o vice-presidente da bancada do PSD, Adão Silva, no debate quinzenal da passada semana atacar a opção do primeiro-ministro de convidar o gestor António Costa Silva para desenhar o programa de recuperação da economia pensaria que os sociais-democratas apoiariam um escrutínio prévio do gestor na Assembleia da República. Afinal não.
O PSD ajudou o PS a chumbar, nesta segunda-feira à tarde, o pedido da Iniciativa Liberal (IL) para a audição, com carácter de urgência, de António Costa Silva pelas comissões de Orçamento e Finanças e de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação. O Bloco e o PCP abstiveram-se e só o CDS votou ao lado da IL. O Chega faltou à reunião.
No requerimento, o deputado João Cotrim de Figueiredo realçava que a elaboração do programa de recuperação económica e social se vai estender por uma década e que terá que ser articulado com a União Europeia, com o próximo quadro financeiro plurianual (2021-27), e com outros planos estratégicos de médio e longo prazo como o Programa Nacional de Investimentos 2030 e os planos nacionais para a energia e o clima ou para a transição digital.
“Estas matérias são verdadeiramente definidoras do futuro de Portugal, pelo que o seu escrutínio não deve ser deixado fora da Assembleia da República. Cabe ao Parlamento conhecer e questionar, logo previamente, sobre a definição deste plano o mais urgentemente possível, habilitando igualmente os partidos para os momentos de contacto e negociação política com o Governo”, argumentava o deputado da IL.
No debate quinzenal, Adão Silva vincou que “há no Governo 70 membros, 19 ministros e quatro deles de Estado. E no entanto encomenda este trabalho a um privado? Estranho... Está a fazer o mesmo que criticou em 2012 ao Governo do PSD. A questão essencial: Tanto dinheiro, um plano com tanto fôlego, para durar dez anos (...) O professor Costa e Silva dizia no domingo que a economia precisa de mais Estado; agora é contra a visão estatizante. Em que ficamos? No prof. António de domingo ou no de hoje que é contra a colectivação?”
Na resposta, o primeiro-ministro argumentou que “quem governa deve chamar pessoas de fora, porque têm uma visão fora da caixa que nos ajudam a ir mais além” e que “a qualidade da decisão política é melhor quando é informada e conta com a colaboração dos outros”.
Perante a insistência do vice-presidente da bancada social-democrata no assunto, Costa acusou-o de estar a recorrer à “mesquinhez da politiquice”. “Não convidei ninguém para negócios, convidei para pensar estrategicamente o país. O comentário que fiz [sobre as contratações do PSD para consultoria fora do Governo em 2012] teve a ver com o falecido António Borges ter vindo responder por conta do Governo. A ideia que tenho é que só vêm à Assembleia da República os membros do Governo responder pelo Governo”, rematou.