Há uma técnica retórica nas redes sociais a que poderíamos chamar o “não percebismo”. Em rigor, trata-se de uma subespécie do “entãosismo” que descrevi nestas páginas há uns tempos. Mas onde o entãosismo recorre ao falso paralelismo para procurar não falar do tema que estiver nesse momento em debate (“então falas da Hungria e não dizes nada da Venezuela?”) o não-percebismo usa o falso paralelismo para fingir não entender por que razão determinado tema está em debate. “Não percebo porque é que está toda a gente a falar da morte de George Floyd na América se não falaram da morte de Ihor Homenyuk em Lisboa há três meses”. “Não percebo porque está toda a gente nas ruas contra o racismo nos EUA como se não tivessem racismo em Portugal para protestar”.
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Há uma técnica retórica nas redes sociais a que poderíamos chamar o “não percebismo”. Em rigor, trata-se de uma subespécie do “entãosismo” que descrevi nestas páginas há uns tempos. Mas onde o entãosismo recorre ao falso paralelismo para procurar não falar do tema que estiver nesse momento em debate (“então falas da Hungria e não dizes nada da Venezuela?”) o não-percebismo usa o falso paralelismo para fingir não entender por que razão determinado tema está em debate. “Não percebo porque é que está toda a gente a falar da morte de George Floyd na América se não falaram da morte de Ihor Homenyuk em Lisboa há três meses”. “Não percebo porque está toda a gente nas ruas contra o racismo nos EUA como se não tivessem racismo em Portugal para protestar”.