O “perigoso” crocodilo-do-nilo no rio Douro pode, afinal, ser uma lontra

Civis dizem ter avistado um crocodilo na passada sexta-feira. Especialistas dizem ser improvável face às características do rio e do animal e suspeitam que se trata de uma lontra.

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Lontra de água doce no Fluviário de Mora Miguel Manso

O chefe do serviço de monitorização florestal da associação Chelonia (associação para a defesa dos animais selvagens), Fernando Gómez, exclui a presença de um crocodilo-do-nilo nas margens do rio Douro, na confluência do rio Pisuerga com o Douro, na zona de Pesqueruela, em Valladolid, avança o jornal local El Norte de Castilla. A declaração foi feita à imprensa esta segunda-feira, durante as buscas pelo animal. O chefe do serviço afirmou, mais à frente, que tal “não significa que [o animal] não esteja lá”.

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O chefe do serviço de monitorização florestal da associação Chelonia (associação para a defesa dos animais selvagens), Fernando Gómez, exclui a presença de um crocodilo-do-nilo nas margens do rio Douro, na confluência do rio Pisuerga com o Douro, na zona de Pesqueruela, em Valladolid, avança o jornal local El Norte de Castilla. A declaração foi feita à imprensa esta segunda-feira, durante as buscas pelo animal. O chefe do serviço afirmou, mais à frente, que tal “não significa que [o animal] não esteja lá”.

O animal (identificado como um crocodilo) foi avistado por civis na sexta-feira numa zona conhecida como Pesquerela. Um polícia local disse ao El País que recebeu uma chamada de dois rapazes na sexta-feira, deslocou-se à zona indicada no dia seguinte (sábado) e pôde ver o animal no rio. As buscas começaram no sábado e foram encontrados dois ninhos nesta zona da foz do rio Pisuerga, no Douro.

Quanto aos ninhos encontrados o especialista afirma que “na realidade correspondem ao efeito da passagem de pessoas”, de acordo com a imprensa espanhola. 

Segundo o El País, os investigadores, em colaboração com o Ministério da Transição Ecológica, suspeitam que os restos de peixe encontrados correspondem aos ataques de uma lontra.

Francisco Javier García, membro do grupo de monitorização da biodiversidade da Universidade Complutense, explicou ao jornal espanhol que é “muito fácil confundir uma lontra com este réptil, porque se move através da água com um movimento ondulante e com os olhos e o nariz para fora”. O mesmo foi confirmado ao PÚBLICO por José Carlos Brito, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos.

A temperatura da água fria do Douro também não é favorável à espécie. José Brito, disse ainda que, caso esteja mesmo um crocodilo-do-nilo no rio, o mesmo não deverá sobreviver ao próximo Inverno devido à temperatura da água. 

A imprensa espanhola diz ainda que os investigadores suspeitam que um residente local — possível dono do animal — tenha libertado o crocodilo no rio. Segundo o investigador português “é pouco provável, mas não é impossível” alguém ter transportado um animal deste tamanho.

Na óptica do biólogo, o mais estranho prende-se com o facto de o animal ter, segundo a imprensa espanhola, cerca de 250 quilos. Assim, o crocodilo “deixaria uma pegada inconfundível”. “Alguém que conheça sabe o que é”, acrescentou.

Apesar das explicações de Fernando Gómez, as buscas vão continuar, no mínimo, durante as próximas horas, diz a imprensa espanhola.