I can’t breathe
Estamos a viver tempos estranhos, a todos os níveis. Corremos o enorme risco de perdermos todas as conquistas de direitos humanos, sociais, económicos e ambientais, se não nos empenharmos em alterar os paradigmas, as referências que nos governam, por todo o lado.
Sempre articulei a defesa do ambiente com os direitos, todos os direitos. E a intransigência com os totalitarismos de qualquer espécie, e o combate frontal ao pensamento único, ao racismo, ao sexismo ou machismo e homofobia.
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Sempre articulei a defesa do ambiente com os direitos, todos os direitos. E a intransigência com os totalitarismos de qualquer espécie, e o combate frontal ao pensamento único, ao racismo, ao sexismo ou machismo e homofobia.
E se bem que me tenha articulado muitas vezes com defensores de barbáries, em situações tácticas e de junção de objectivos, sempre estimei limitar-me a essas situações em concreto.
Na Amnistia Internacional (secção portuguesa) tive que enfrentar diversos sectores homofóbicos, que acabaram por se afastar dado esta ter assumido, e bem, o direito ao casamento de todos e a adopção a ele inerente.
Em grupos ecologistas, em vários, tive que enfrentar defensores da URSS e dos seus crimes ambientais e atropelos dos direitos humanos.
Em reuniões de movimentos pela paz (soviética) fui agredido e expulso delas por denunciar que não há paz sem direitos, todos.
Tive que defender o direito à contracepção e ao aborto, não só na Amnistia, quando esta não reivindicava ainda “o meu corpo, os meus direitos”, mas em partidos políticos, até de esquerda, que achavam essa questão insignificante, e nos movimentos ecologistas achavam que tal lhes era exterior, e recordo polémicas com alguns dos elementos fundadores da ecologia política em Portugal, como Afonso Cautela, sobre tal.
Defendi e defendo a legalização da “maria” e de todas, todas as drogas e a criação de um quadro legal para seu usufruto, quebrando assim com as lógicas de marginalização, prisão e morte de toxicodependentes e também com as máfias, muitas vezes articuladas com sectores na polícia, bem assim como dando expressão a culturas e lógicas de produção das plantas “proibidas” em formas ambientalmente sustentáveis.
Não há nenhuma dessas lutas em que, sempre com o mesmo grupo de amigos ou variando-os, não tenha estado envolvido.
Assim como em todos os momentos das lutas e muitas vitórias anti-nucleares em Portugal e noutros países, seja contra estruturas de produção mineira ou de energia industrial e as suas sequelas, as armas nucleares ou estas com resíduos enriquecidos. Sem esquecer os resíduos nucleares da produção.
Antes de tempo defendi as renováveis (nos anos 70), quando estas não entravam nos programas, e a sustentabilidade quando esta não era usada por políticos que fazem o contrário do que dizem.
Alimentei abutres, dos verdadeiros, defendi lobos a sério e enterrei-me em zonas húmidas para protegê-las, assim como defendi culturas ameaçadas por intolerâncias urbanitas e animalistas e ainda tive tempo para sentar-me no chão várias vezes – algumas fui detido.
Estamos a viver tempos estranhos, a todos os níveis.
Corremos o enorme risco de perdermos todas as conquistas de direitos humanos, sociais, económicos e ambientais, se não nos empenharmos em alterar os paradigmas, as referências que nos governam, por todo o lado.
Este é o maior desafio que temos pela frente. Temos que colocar o joelho no chão e levantar a cabeça.
E não hesitar em andar, andar mão na mão.