Países Baixos vão abater milhares de martas por receio de propagação da covid-19

As martas protagonizaram os primeiros casos conhecidos de transmissão da covid-19 de animais para humanos.

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Criação de martas, ou visons, em cativeiro foi proibida nos Países Baixos em 2013 PDREIJNDERS

O governo ordenou o abate de milhares de martas em nove quintas nos Países Baixos, devido a receios de que o animal poderá transmitir a covid-19 para seres humanos. O abate será feito em nove quintas onde casos de covid-19 em martas, também conhecidos por visons, foram detectados.

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O governo ordenou o abate de milhares de martas em nove quintas nos Países Baixos, devido a receios de que o animal poderá transmitir a covid-19 para seres humanos. O abate será feito em nove quintas onde casos de covid-19 em martas, também conhecidos por visons, foram detectados.

A ministra da Agricultura, Carola Schouten, disse na quarta-feira numa carta ao parlamento que o abate dos animais nas quintas com casos confirmados “estava no melhor interesse tanto da saúde humana como da saúde animal”. Schouten garantiu que os criadores de martas seriam compensados.

A porta-voz do ministério da Agricultura, Elise van den Bosch, confirmou que, apesar de não haver um número exacto dos animais a serem abatidos, o número total ultrapassará as dez mil martas.

O abate estava previsto começar na sexta-feira, mas no final desta quinta-feira uma ordem de um juiz adiou o abate para depois de segunda-feira, após ouvir objecções de dois grupos de defesa dos direitos dos animais.

As martas são criadas em cativeiro nos Países Baixos devido ao seu pêlo, usado para têxteis. No mês de Maio, o ministério da Agricultura detectou dois casos onde se pensa que houve transmissão do vírus das martas para humanos. São os primeiros casos de transmissão directa do coronavírus de animais para humanos desde o início da pandemia.

Depois dos primeiros casos de covid-19 terem sido descobertos nos animais, o Governo proibiu a 28 de Maio o transporte de peles de martas e ordenou a realização de testes nas unidades de criação.

Carolina Schouten disse na quarta-feira que “a Comissão para o Bem-Estar dos Animais foi informada e garantimos que os animais serão tratados e abatidos de forma responsável”.

A ministra avisou que espera-se que possam surgir mais casos devido ao contacto com os animais nas próximas semanas. Segundo o Instituto Nacional de Saúde holandês, o risco de transmissão entre espécies animais e o ser humano é “mínimo”, mas as autoridades de saúde do país assumem que a pandemia propagou-se através dos tratadores destes animais.

Os primeiros casos de covid-19 em martas foram registados em Abril, quando os agricultores repararam que alguns animais apresentavam sintomas da doença, especialmente dificuldades respiratórias.

A criação de martas em cativeiros foi proibida em 2013 nos Países Baixos e o fecho das 120 quintas existentes no país tem sido gradual. Até 2023, as quintas que não fecharem deverão ser compradas pelo Estado.