A miragem chamada Europa

Um fascínio demolido pela ironia e pelo sarcasmo.

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Numa carta enviada no Verão de 1861 ao poeta Yakov Polonski — e depois de lembrar que sonhava com a Itália desde a infância, desde que, aos oito anos, lera Anna Radcliffe e depois Shakespeare e “Romeu e Julieta” —, Dostoievski lastimava-se e perguntava: “Itália! Itália! Mas em vez de Itália fui parar a Semipalatinsk [a fortaleza onde cumpriu serviço militar, no Cazaquistão] e, antes disso, à Casa dos Mortos [o desterro de quatro anos na Sibéria]. Será que não conseguirei ver a Europa enquanto ainda possuo força, paixão e poesia?” A resposta veio no Verão do ano seguinte, quando o escritor viajou finalmente por França, Inglaterra, Alemanha, Suíça e Itália durante dois meses e meio. Tinha 40 anos de idade e era a primeira vez que saía da Rússia.

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Numa carta enviada no Verão de 1861 ao poeta Yakov Polonski — e depois de lembrar que sonhava com a Itália desde a infância, desde que, aos oito anos, lera Anna Radcliffe e depois Shakespeare e “Romeu e Julieta” —, Dostoievski lastimava-se e perguntava: “Itália! Itália! Mas em vez de Itália fui parar a Semipalatinsk [a fortaleza onde cumpriu serviço militar, no Cazaquistão] e, antes disso, à Casa dos Mortos [o desterro de quatro anos na Sibéria]. Será que não conseguirei ver a Europa enquanto ainda possuo força, paixão e poesia?” A resposta veio no Verão do ano seguinte, quando o escritor viajou finalmente por França, Inglaterra, Alemanha, Suíça e Itália durante dois meses e meio. Tinha 40 anos de idade e era a primeira vez que saía da Rússia.