Funeral da escritora Maria Velho da Costa realiza-se no domingo
Velório realiza-se no sábado, a partir das 17h30, na Igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique, Lisboa, e o funeral será no domingo à tarde, no cemitério dos Olivais.
O funeral da escritora portuguesa Maria Velho da Costa, que morreu a 23 de Maio, aos 81 anos, realiza-se no domingo, em Lisboa, revelou hoje a família.
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O funeral da escritora portuguesa Maria Velho da Costa, que morreu a 23 de Maio, aos 81 anos, realiza-se no domingo, em Lisboa, revelou hoje a família.
Numa mensagem na rede social Facebook, o filho da escritora revelou que o velório se realiza no sábado, a partir das 17h30, na Igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique, e que o funeral será no domingo à tarde, no cemitério dos Olivais.
Maria Velho da Costa, ficcionista, ensaísta e dramaturga, morreu a 23 de Maio, de forma súbita, em casa, em Lisboa.
As cerimónias fúnebres acontecem duas semanas depois, por questões processuais relacionadas com o Instituto de Medicina Legal, disse o filho à agência Lusa.
Maria de Fátima de Bivar Moreira de Brito Velho da Costa, de nome completo, nasceu a 26 de Junho de 1938, na capital portuguesa. Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa, tinha o curso do Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria.
A sua bibliografia tem início em 1966 com o livro de contos Lugar Comum e termina quase 60 anos mais tarde, com outro livro de histórias curtas, O Amante do Crato, publicado em 2012, com ilustrações de Ilda David.
O romance Maina Mendes (1969) destacou-a no panorama literário. A protagonista é uma mulher entregue à sua mudez, que vai “inventar a fala”, a sua própria fala, “autónoma e soberana, de que os homens usufruem sem riscos e desde sempre, por direito divino”, como escreve Eduardo Lourenço no prefácio à 2.ª edição da obra.
Entre as suas obras mais recentes contam-se os contos Dores (1994), com a artista plástica Teresa Dias Coelho, a peça Madame (2000), o romance Irene ou o Contrato Social (2000) e Myra (2008), que acabou por ser o seu último romance, largamente premiado.
A autora representa “a inovação no domínio da construção romanesca, no experimentalismo e na interrogação do poder fundador da fala”, disse o júri do Prémio Camões, em 2002, quando lhe atribuiu o galardão. Representa a capacidade de trabalhar a linguagem, de desafiar modelos dominantes, de afirmar a força da mulher.
Maria Velho da Costa foi ainda uma das autoras das Novas Cartas Portuguesas, obra que abalou a ditadura, caída com o 25 de Abril de 1974, ao pôr na primeira linha o debate sobre o feminismo, a liberdade de valores para as mulheres, numa “correspondência” partilhada com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, desde então conhecidas pelas “Três Marias”.
Quando, em 2013, recebeu o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, Maria Velho da Costa lembrou que “a literatura e a poesia são um perigo” para os regimes totalitários. “Por isso [esses regimes] queimam, ignoram e analfabetizam. O que vem dar à mesma atrofia do espírito, mais pobreza na pobreza”, acrescentou.