Houve arte na estreia do “futebol desconfinado” em Portugal

No Algarve, houve um jogo quase sempre lento e com muitos erros técnicos, mas com alguma emoção e equilíbrio. Acima de tudo isto, houve um momento de arte de Lucas Fernandes que deu novo fôlego ao Portimonense na luta pela permanência na I Liga.

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Jackson e Soares em acção no Algarve LUSA/LUÍS FORRA

O Portimonense vencer o Gil Vicente, por 1-0, em casa, não pode ser considerado uma surpresa total, pelo equilíbrio individual das equipas, mas é uma surpresa relativa, olhando para a classificação da I Liga e, sobretudo, para o que se passou no relvado de Portimão, nesta quarta-feira. Um jogo que foi resolvido por este grande golo de Lucas Fernandes, que permite aos aflitos algarvios ganharem novo fôlego na luta pela permanência.

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O Portimonense vencer o Gil Vicente, por 1-0, em casa, não pode ser considerado uma surpresa total, pelo equilíbrio individual das equipas, mas é uma surpresa relativa, olhando para a classificação da I Liga e, sobretudo, para o que se passou no relvado de Portimão, nesta quarta-feira. Um jogo que foi resolvido por este grande golo de Lucas Fernandes, que permite aos aflitos algarvios ganharem novo fôlego na luta pela permanência.

Antes da partida, quando ainda raiava o sol no Algarve, os autocarros de Gil Vicente e Portimonense foram seguidos pelas câmaras televisivas, como habitualmente se vê nos clássicos entre os “grandes” – e ao bom estilo Euro 2004. A pompa foi grande e a circunstância justificava-o: este foi o primeiro jogo do “futebol desconfinado”, como lhe chamámos no PÚBLICO, após a paragem do campeonato com a pandemia de covid-19.

Apesar do marco histórico, não há como esconder: ainda ninguém está, no “novo futebol”, como estava no “antigo”. Portimonense e Gil Vicente jogaram de forma lenta, as dinâmicas colectivas pareceram “empenadas” e os erros técnicos foram uma constante, tal como num qualquer jogo de pré-temporada. Mas houve luta e emoção. Valeu por isso.

Gil começou melhor

Apesar de este final de época ser mais importante para um Portimonense aflito do que para um Gil Vicente tranquilo, o jogo trouxe, na primeira parte, uma equipa minhota mais capaz. E mais fresca.

Os algarvios surgiram em campo com índices físicos limitados – alguns jogadores incapazes de fazer sprints longos, quer a atacar quer a defender – e o Gil Vicente, mesmo sem ter uma dinâmica tremenda, pareceu, comparada com o Portimonense, uma equipa que nunca passou pelo confinamento.

Com as equipas cientes de que a paragem poderia desencadear erros técnicos e descoordenação colectiva, o futebol apoiado deu lugar aos passes longos. Foi esta a via quase sempre procurada pelas equipas e o Gil Vicente soube usá-la com propriedade.

Criou perigo logo aos 5’, com Sandro Lima a não finalizar, apesar de isolado, e aos 7’, com um contra-ataque em que quatro atacantes contra dois defensores não conseguiram finalizar – definiu mal Rúben Ribeiro.

O Portimonense, com o “craque” Lucas Fernandes mal apoiado, pouco perigo criou e, quando perdia a bola de forma inesperada – não foram poucas vezes –, o Gil, sem ser dominador, aproveitava para assustar. Foi o que fez aos 19’, com remate de Baraye, e aos 20’ e 23’, em dois lances perigosos, mas sem finalização.

O apreço pelo passe longo, do lado algarvio, apenas deu para um par de remates fracos e de jogadas de perigo modesto – numa delas, Boa Morte surgiu isolado, mas sem condições de remate.

Arte de Lucas

Na segunda parte, ainda os adeptos estavam a acomodar-se no sofá e já o Portimonense estava na frente. Lucas Fernandes desistiu de partilhar a bola com os colegas erráticos e, com espaço, rematou forte, de muito longe, com a bola a entrar no canto superior esquerdo da baliza do Gil Vicente.

Lance que surpreendeu o guarda-redes Denis, que nem se lançou à bola, e que surpreendeu, também, quem via um jogo que, até então, parecia destinado a cair para os minhotos.

Rúben Ribeiro, aos 57’, e Claude Gonçalves, aos 60’, ainda amedrontaram o Portimonense, mas os minhotos foram, com o desenrolar da partida, perdendo a frescura que chegaram a mostrar na primeira parte. Do outro lado, o Portimonense foi crescendo no jogo e Lucas Fernandes fez o melhor passe do jogo, aos 76’, numa abertura de primeira, mas Boa Morte definiu mal a jogada - uma constante em toda a partida. 

O jogo caminhou lentamente para o final, com as equipas cada vez mais atabalhoadas na criação de jogo, e o Gil apenas numa sequência de pontapés de canto, já nos últimos minutos, tentou chegar ao golo. Sem perigo real, porém, ao contrário do que tinha conseguido na primeira parte.