Joacine diz que escolha de António Costa Silva é voltar a investimentos em combustíveis fósseis
A deputada não inscrita sublinhou que a intenção do chefe do Governo para recuperar a economia nacional não passa por uma mudança de paradigma ou economia mais verde.
Joacine Katar Moreira considerou esta segunda-feira que o primeiro-ministro está a “voltar aos ‘tempos áureos’ dos “grandes investimentos” em combustíveis fósseis, devido à escolha de António Costa Silva para conduzir um estudo sobre a recuperação da economia.
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Joacine Katar Moreira considerou esta segunda-feira que o primeiro-ministro está a “voltar aos ‘tempos áureos’ dos “grandes investimentos” em combustíveis fósseis, devido à escolha de António Costa Silva para conduzir um estudo sobre a recuperação da economia.
“Parece claro que o primeiro-ministro [o socialista António Costa] está a tentar voltar aos ‘tempos áureos’ em que grandes investimentos em infra-estruturas dinamizavam economias assentes na exploração dos combustíveis fósseis”, explicitou a deputada não inscrita, em comunicado divulgado esta segunda-feira, sobre a decisão do Governo de escolher o presidente executivo da petrolífera Partex, António Costa Silva, para conduzir um estudo sobre a recuperação da economia, na sequência da pandemia.
A deputada não inscrita sublinhou que a intenção do chefe do Governo para recuperar a economia nacional “parece ignorar a proposta promovida por pessoas e organizações de múltiplos sectores da sociedade e das mais variadas áreas de actuação, o Manifesto por uma Recuperação Económica Justa e Sustentável” em Portugal.
“A lógica subjacente é semelhante à do passado, focando-se numa recuperação económica mais ou menos verde, enquanto se recusa reconhecer a necessidade de uma mudança profunda de paradigma”, prosseguiu a deputada eleita pelo Livre, que lhe retirou a confiança política.
Joacine Katar Moreira realçou que a decisão do primeiro-ministro “faz “tábua rasa” de algumas preocupações já manifestadas por cidadãos e diversos especialistas” relacionadas com o “futuro do planeta, severamente ameaçado pelo paradigma económico vigente”.
Por isso, é “indispensável romper com um discurso, e seus agentes, que colocam “a economia” acima da dignidade humana, do equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade, indissociáveis da nossa existência enquanto espécie”.
Na opinião da deputada não inscrita os “pactos ecológicos propostos acabam por estar demasiado comprometidos com uma visão de “capitalismo verde” que está refém” de medidas de sustentabilidade que “não vão à raiz do problema”.
O primeiro-ministro confirmou, no domingo, que convidou o gestor da petrolífera Partex António Costa e Silva para “coordenar a preparação do Programa de Recuperação Económica”, trabalho que deverá estar concluído até à aprovação do Orçamento Suplementar.
“O professor António Costa e Silva foi convidado pelo primeiro-ministro para coordenar a preparação do Programa de Recuperação Económica”, referiu o gabinete de António Costa, numa nota enviada à Lusa.
De acordo com a mesma nota, o convite foi aceite “como contributo cívico e pro bono” e o gestor tem estado a trabalhar nessa missão nas últimas semanas, “enquanto os membros do Governo estão concentrados, nesta fase, no Programa de Estabilização Económica e Social e no Orçamento Suplementar”.
“O objectivo é este trabalho preparatório estar concluído quando o Governo aprovar o Orçamento Suplementar”, altura em que o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, assumirá “a direcção da elaboração do Programa de Recuperação”, acrescenta o gabinete de António Costa.
No sábado, o BE e o CDS-PP rejeitaram qualquer negociação com uma espécie de “paraministro". O PAN manifestou-se, no domingo, indisponível para debater o plano de recuperação da economia com António Costa e Silva, que descreve como “um homem do petronegócio” e que “inviabiliza” o cumprimento do programa de Governo sobre alterações climáticas.
O líder do PSD, Rui Rio, disse que não é da sua conta quem é que o Governo chama para colaborar na elaboração do plano de recuperação da economia, mas avisou que só debate com ministros.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou esta segunda-feira, em Setúbal, que o relacionamento institucional dos comunistas continuará a ser feito com os membros do governo, independentemente dos assessores contratados pelo executivo socialista.
O vice-presidente da bancada socialista Carlos Pereira considerou “uma boa solução” o convite do primeiro-ministro ao gestor António Costa e Silva para preparar o programa de recuperação económica, frisando que o Governo estará sempre neste processo.