Projecto nacional visa criar centro no Porto para descobrir novos alvos genéticos
Consórcio académico pretende criar uma estrutura que coordene os passos iniciais da descoberta de pequenas moléculas e alvos genéticos para terapias.
Cerca de 20 institutos portugueses de biologia e química integram um projecto que visa criar, entre 2022 e 2023, um centro de “alta capacidade” no Porto para descobrir novos alvos genéticos para o tratamento de doenças, foi anunciado esta terça-feira.
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Cerca de 20 institutos portugueses de biologia e química integram um projecto que visa criar, entre 2022 e 2023, um centro de “alta capacidade” no Porto para descobrir novos alvos genéticos para o tratamento de doenças, foi anunciado esta terça-feira.
O coordenador da plataforma PT-OpenScreen: Infra-estrutura Nacional para a Química Biológica e Genética, António Pombinho, explicou à agência Lusa que o objectivo do consórcio académico é criar uma “estrutura que possa coordenar os passos iniciais da descoberta de pequenas moléculas e alvos genéticos para o tratamento de doenças”.
“Ao contrário da maior parte dos países desenvolvidos, não existe em Portugal uma plataforma com a capacidade de testar diariamente dezenas de milhares de amostras, nos mais diversos ensaios biológicos, na procura de novos compostos químicos com propriedades terapêuticas”, disse o investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S).
Cientes dessa “necessidade”, em Janeiro de 2018 vários representantes de instituições portuguesas criaram o PT-OpenScreen, projecto que integra agora 20 instituições académicas do Porto, Braga, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Madeira e Açores que já desenvolvem trabalho na área da química orgânica e medicinal e dos rastreios químicos e genéticos.
Segundo António Pombinho, o próximo objectivo do PT-OpenScreen é criar um centro de screening de alta capacidade no i3S, estando previsto o início das operações entre 2022 e 2023, sendo que a criação está “dependente da abertura de concursos para financiamento de equipamentos e recursos humanos” por parte da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
António Pombinho avançou ainda à Lusa que nesse centro de alta capacidade será desenvolvido trabalho de miniaturização de amostras e automatização de testes, o que permitirá “realizar dezenas de milhares de testes por dia”.
“O sistema será idealmente desenhado para ensaios celulares e bioquímicos, mas também para ser bastante flexível para adaptar a outros tipos de testes caso as circunstâncias e as necessidades o requeiram”, referiu, dizendo também que o centro poderá levar “à construção de uma biblioteca nacional de compostos químicos únicos e de elevada qualidade”.
O PT-OpenScreen passou, recentemente, a integrar o Roteiro Nacional de Infra-estruturas de Investigação e Interesse Estratégico, concurso lançado, em 2013, pela FCT para mapear, avaliar e identificar áreas prioritárias de interesse nacional e que já integra 40 infra-estruturas nacionais.
Para António Pombinho, esta integração serve “apenas como reconhecimento da necessidade em desenvolver uma estrutura organizada na área da descoberta de novas drogas com impacto positivo para a investigação académica, tecido empresarial nas áreas biotecnológicas e farmacêuticas e sociedade em geral”.
Paralelamente, o projecto pretende também coordenar a integração de Portugal na infra-estrutura europeia EU-OpenScreen, o que dará acesso à participação de projectos internacionais e à biblioteca europeia de mais de 140 mil compostos para rastreio.