Amamentar deve ser bom para a mãe e para o bebé
Amamentar requer treino, e a ajuda de um profissional de saúde é facilitadora para o sucesso da amamentação.
Hoje, no dia em que estamos a celebrar em conjunto o Dia Mundial da Criança e o Dia Mundial do Leite, sabemos que aumentar o aleitamento materno para níveis quase universais pode salvar mais de 800.000 vidas a cada ano, sendo a maioria crianças menores de seis meses.
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Hoje, no dia em que estamos a celebrar em conjunto o Dia Mundial da Criança e o Dia Mundial do Leite, sabemos que aumentar o aleitamento materno para níveis quase universais pode salvar mais de 800.000 vidas a cada ano, sendo a maioria crianças menores de seis meses.
A amamentação é um desafio para a mãe, criança e família. Amamentar é um acto de amor mas que, muitas vezes, pode ser acompanhado de um processo doloroso — o primeiro mês pode ser sobretudo muito difícil, embora haja mães que não passem por essas dificuldades.
A dor é um grande desafio durante a amamentação. Quando a mulher projecta o seu desejo de amamentar nem sempre pensa nos problemas que podem surgir, principalmente nas primeiras semanas de vida do bebé. Depreende que amamentar é um acto natural e inato. No entanto, não é uma prática simples e única. É a conjugação de vários factores, inerentes à condição humana, e factores sociais e culturais, que são transmitidos de geração em geração.
Diariamente, na consulta de amamentação, sou confrontada com várias dúvidas, medos e incertezas. Mas não existem respostas ou soluções iguais. Por isso, o apoio é dirigido especificamente a cada mãe e bebé. Amamentar requer treino, e a ajuda de um profissional de saúde é facilitadora para o sucesso da amamentação. Tendo como princípio-base que a amamentação deve ser boa para a mãe e para o bebé.
O medo de não produzir leite ou não ter leite suficiente é algo que permanece no pensamento das mães constantemente. As alterações hormonais, o cansaço de cuidar do bebé, as noites mal dormidas e a múltipla informação levam, muitas vezes, a este medo e insegurança, fazendo a mãe questionar-se: “Será que tenho leite suficiente? Será que o meu leite é bom? O meu peito é pequeno, serei capaz de amamentar?” Por isso, torna-se muito importante conseguir transmitir confiança à mãe.
Por outro lado, temos as questões de âmbito fisiológico: o ingurgitamento mamário, sobretudo durante a descida do leite, entre o 3.º e 5.º dia, a inflamação das mamas (mastites), acompanhada por dores intensas (seios dolorosos), as gretas ou fissuras dos mamilos, as dores nos mamilos (mamilos dolorosos) ou défice quantitativo do leite produzido. Habitualmente, todas estas situações têm solução, podendo passar por um contínuo na amamentação, correcção de técnicas sobre a pega correcta, diferentes posicionamentos e com um procedimento orientado por um profissional de saúde competente.
A recuperação da forma física, a preocupação com o corpo e a alimentação saudável durante o aleitamento são outras preocupações da mulher e que, cada vez mais, se tornam um desafio pela busca de um ideal de vida saudável. Contudo, é fundamental que seja garantido o bom desenvolvimento do bebé, evitando a perda ponderal de peso. Há que se encontrar o equilíbrio e evitarmos fundamentalismos.
Outro dos maiores desafios que as mães de hoje enfrentam é o regresso ao trabalho após a licença de maternidade. Pode ser uma experiência repleta de emoções, em que as novas mães se questionam como podem equilibrar a sua carreira exigente com a vontade de passar tempo suficiente com o seu bebé. É importante reduzir a ansiedade nesta fase e ajudar com estratégias para a prática do aleitamento, que pode passar pela necessidade de extracção de conservação do leite materno.
Mesmo neste tempo que estamos a atravessar, de pandemia mundial, a Direcção-Geral da Saúde refere que “a promoção da amamentação é uma prática já largamente estabelecida nas instituições hospitalares portuguesas e deve continuar a ser fomentada”.
Independentemente de a mãe desejar ou não amamentar, conseguir ou não fazê-lo, aconselho a aproveitar este tempo para que sejam estabelecidos e fortalecidos os laços familiares. E enquanto profissionais de saúde estarmos atentos à saúde mental (que engloba os sentimentos de medo, insegurança e isolamento que levam a que as pessoas não procurem ajuda no tempo adequado) e transmitirmos segurança e acompanhamento em todos os processos de saúde.