Mercado automóvel caiu 71,6% em Maio, apesar da reabertura

Face a Abril, as vendas de ligeiros de passageiros duplicaram, mas o sector continua em agonia e incapaz de se aproximar das vendas pré-crise.

Foto

O choque da procura causado pela pandemia é intenso para o mercado automóvel, como o demonstram os números do sector no mês de Maio. Segundo a ACAP, as vendas mais do que duplicaram face a Abril (um crescimento de 109%), mas Abril foi tão mau que, mesmo assim, a comparação homóloga mostra um sector em agonia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O choque da procura causado pela pandemia é intenso para o mercado automóvel, como o demonstram os números do sector no mês de Maio. Segundo a ACAP, as vendas mais do que duplicaram face a Abril (um crescimento de 109%), mas Abril foi tão mau que, mesmo assim, a comparação homóloga mostra um sector em agonia.

Em Maio, foram comprados 5741 ligeiros de passageiros, menos 74,7% do que o mesmo mês de 2019. Tendo em conta que os concessionários e a rede de retalho reabriram a 4 de Maio, os dados sugerem que nem assim os consumidores regressaram às compras.

O mercado total, incluindo comerciais ligeiros e pesados, recuou em Maio 71,6% face a 2019, um resultado menos mau do que a quebra de 84,6% em Abril, graças a um contributo ligeiramente melhor no segmento dos comerciais ligeiros e dos pesados.

Contas feitas aos primeiros cinco meses de 2020, a venda de carros recuou 46,8%, agravando-se o desempenho que se tinha registado de Janeiro em Abril, quando a quebra homóloga era de 39,8%.

Por marcas, a Smart e a Tesla foram das marcas com os maiores tombos percentuais em Maio (-92,3% e -92,1%, respectivamente), mas no cômputo dos primeiros cinco meses do ano, a Tesla é, a par da DS (do grupo PSA), uma das marcas com a menor quebra homóloga face a 2019 até agora.

Algumas marcas de luxo, como Aston Martin, Lamborghini, Maserati, Bentley ou Alpine, não tiveram vendas em Maio. Porém, foi matriculado um Ferrari.

Por tipo de combustível, em Maio foram vendidos 273 carros com motor eléctrico, mais 22 do que os 251 vendidos em Abril. Somando a esses os plug-ins e os híbridos eléctricos, compraram-se em Maio 1225 unidades electrificadas, mais dos que as 741 unidades comercializadas em Abril (um aumento mensal de 65,3%).

No tipo de combustível, mantém-se a preferência pelos motores a gasóleo nos primeiros meses deste ano. Ao contrário do que vinha sucedendo, com as vendas do motor a gasolina a bater o diesel, a venda de motores a gasóleo desde Janeiro representam 44,4% do mercado, contra 31% da gasolina. Os eléctricos puros estão com uma quota de 5,1%, os plug-in são 4,7% das vendas e os híbridos eléctricos são 5,4% do mercado. 

Nos ligeiros de mercadorias a quebra homóloga foi de 51,3%, para 1691 unidades. Quanto a veículos pesados (passageiros e de mercadorias), a queda foi de 68,5% em termos homólogos.

Para a ACAP, a queda de 74,7% nos ligeiros de passageiros, “assim como elevado número de trabalhadores em layoff" confirmam que o sector automóvel é “um dos mais afectados pela crise”.

O retalho automóvel reabriu a 4 de Maio, logo na primeira fase de desconfinamento em Portugal, tal como era pedido pela ACAP. As cinco fábricas de automóveis no país recorreram ao layoff, devido a paragens forçadas. A laboração foi retomada no mês passado e as perdas de produção deverão ser conhecidas dentro de dias.

Em termos internacionais, os dados do mercado europeu só serão divulgados no dia 17. Porém, em Espanha já são conhecidos os números de Maio e o comportamento foi, em proporção, praticamente igual, com uma quebra de 72%.