Morte de George Floyd: motins em várias cidades e estado de emergência declarado na Georgia
Uma pessoa morreu em Detroit, devido a um disparo contra a multidão. Exército está em alerta.
A noite de sexta-feira e parte da madrugada deste sábado foram de revolta e violência em várias cidades dos Estados Unidos, depois de eclodirem motins pela morte de George Floyd, um afro-americano morto por um polícia branco.
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A noite de sexta-feira e parte da madrugada deste sábado foram de revolta e violência em várias cidades dos Estados Unidos, depois de eclodirem motins pela morte de George Floyd, um afro-americano morto por um polícia branco.
Uma pessoa morreu em Detroit, quando um homem dentro de um carro disparou contra os manifestantes. A vítima tem 19 anos. Na estado da Georgia, foi declarado o estado de emergência e 500 elementos da Guarda Nacional foram chamados para proteger pessoas e propriedades na cidade de Atlanta.
Milhares de pessoas concentraram-se em várias cidades. No centro de Atlanta, no sudeste do país, perto da sede da cadeia de televisão CNN, grupos de manifestantes destruíram lojas e a polícia lançou granadas de gás lacrimogéneo, de acordo com imagens difundidas pelas televisões.
Alguns manifestantes atiraram pedras contra o edifício da CNN e vários veículos da polícia em estacionamentos foram atingidos por pedras e outros objectos contundentes. Pelo menos um foi incendiado.
Na área metropolitana de Minneapolis e de Saint Paul, cidades separadas pelo rio Mississippi, centenas de pessoas cortaram uma ponte, onde se concentraram em protesto contra o recolher obrigatório imposto a partir do anoitecer na sexta-feira e durante todo o fim de semana.
O Minnesota é a região mais volátil. Foi numa cidade desta estado, Minneapolis, que na segunda-feira o polícia Derek Chauvin pôs o joelho sobre o pescoço de Floyd, sufocando-o. “Não consigo respirar”, foram as suas últimas palavras.
“Estamos aqui porque, como geração, percebemos que as coisas têm que mudar”, disse à Reuters Paul Selman, de 25, anos licenciado em Literatura inglesa e que disse ser um “velho jovem negro”. “Precisamos de paz”.
Peter McMahon, de anos 26, disse: “Isto não foi uma surpresa. Já perdi amigos por causa do Black Lives Matter.”
O Pentágono tomou a rara decisão de ordenar ao Exército que pusesse unidades da polícia militar dos EUA em alerta, prontas para agir em Minneapolis.
Os soldados de Fort Bragg, na Carolina do Norte, e Fort Drum, em Nova Iorque, receberam ordens para estarem prontos para serem enviados, disseram à agência de notícias Associated Press três fontes que pediram para não serem identificadas.
Família quer acusação mais dura
Na origem dos protestos está a morte de George Floyd, de 46 anos, às mãos da polícia, depois de ter sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) num supermercado de Minneapolis. Vídeos feitos por quem passava foram difundidos na Internet, gerando uma onda de indignação.
Os quatro polícias que participaram na detenção que matou Floyd foram despedidos da força policial e Derek Chauvin foi acusado de homicído por negligência.
Em comunicado, a família de Floyd disse que a detenção e acusação foi “tardia” e insuficiente: “Queremos uma acusação de homicídio voluntário premeditado e queremos que os restantes polícias sejam detidos.”
As autoridades de Minneapolis fizeram já vários apelos à calma, mas o governador do estado, o democrata Tim Walz - que classificou a actuação da polícia de “racista" -, activou na quinta-feira a Guarda Nacional para garantir a segurança de estabelecimentos comerciais e de edifícios na área metropolitana.
Também em Washington, um protesto pacífico resultou em confrontos entre manifestantes e a polícia e agentes dos Serviços Secretos, na sequência da detenção de pelo menos duas pessoas. Os manifestantes também atiraram garrafas de plástico contra as forças de segurança.
A comunicação social norte-americana registou incidentes durante protestos em Brooklyn (Nova Iorque), em Charlotte (Carolina do Sul), em Houston (Texas), entre outras cidades.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu o caso como “um terrível incidente" e disse ter falado com a família de Floyd, que classificou de “excelente pessoa”.