Aplicação de rastreio de contágio aprovada em França — sem ferramentas da Google e da Apple
O Parlamento francês e o Senado votaram a favor da StopCovid, uma aplicação móvel de rastreio de contágio que pretende ajudar o país a monitorizar a progressão da doença e facilitar o retorno à normalidade.
A partir de dia 2 de Junho os franceses vão poder descarregar a StopCovid, uma aplicação de rastreio de contactos para ajudar a controlar a propagação da covid-19, numa altura em que o país começa a voltar à normalidade. Esta quinta-feira, após um longo debate, o Parlamento francês aprovou a aplicação (338 votos a favor, 215 contra), seguido do Senado (186 votos a favor, 127 contra).
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A partir de dia 2 de Junho os franceses vão poder descarregar a StopCovid, uma aplicação de rastreio de contactos para ajudar a controlar a propagação da covid-19, numa altura em que o país começa a voltar à normalidade. Esta quinta-feira, após um longo debate, o Parlamento francês aprovou a aplicação (338 votos a favor, 215 contra), seguido do Senado (186 votos a favor, 127 contra).
Tal como a maioria das aplicações em desenvolvimento, a StopCovid usa tecnologia Bluetooth para detectar quando dois telemóveis estão próximos e registar uma estimativa da duração e distância. Se um dos donos do telemóvel for infectado com o novo coronavírus, o outro receberá um aviso para ficar em quarentena e contactar as autoridades de saúde.
No entanto, contrariamente à maioria dos países europeus, incluindo Portugal, a informação recolhida pela aplicação francesa não fica nos telemóveis e é toda enviada para um servidor central.
É um dos motivos pelos quais a França não se candidatou à nova interface de programação de aplicações (API) desenvolvida pela Google e pela Apple para acelerar a criação destas aplicações ao facilitar a troca de informação entre aparelhos com diferentes sistemas operativos. Para mitigar riscos de perda de privacidade, as tecnológicas norte-americanas só fornecem a API a aplicações em que os dados fiquem armazenados nos telemóveis.
Em declarações sobre os resultados à Radio France Internationale (RFI), o líder dos Republicanos (direita), Bruno Retailleau, disse que apoiava a StopCovid porque era uma forma do país manter a “soberania digital” e impedir os serviços das grandes tecnológicas de dominarem. Já o porta-voz socialista Jérôme Durain notou que o partido votou contra para evitar “a confiança cega da sociedade na tecnologia”.
A grande diferença entre o sistema francês (centralizado) e um sistema descentralizado, é que as autoridades de saúde têm acesso a mais dados sobre o evoluir da pandemia no primeiro caso. O Reino Unido é outro país a optar por um sistema centralizado.
O director da empresa de criação de aplicações móveis Lunabee Studio, responsável por criar a interface da francesa StopCovid, destaca que a privacidade não foi descurada, já que a plataforma não regista quaisquer dados pessoais e apenas pede autorização para aceder ao sistema de Bluetooth.
Para testar a segurança da aplicação, o governo francês também desafiou um grupo de hackers éticos — programadores e profissionais de cibersegurança que tentam infiltrar sistemas informáticos para detectar falhas antes dos criminosos — a tentar encontrar falhas na aplicação antes do lançamento oficial na próxima terça-feira.
No caso português, a aplicação Stayaway (apresentada como movitorCovid19.pt no final de Abril), que usa a nova API do Google e da Apple, está a ser ser desenvolvida pelo INESC TEC.