Movimentações de tropas nos Himalaias aumenta tensão entre China e Índia
Soldados chineses e indianos já se envolveram em duas rixas que causaram 100 feridos entre os dois lados. Pequim já deslocou quase dez mil soldados para a fronteira e a Índia enviou vários batalhões de infantaria.
A tensão entre a China e a Índia tem subido de tom na fronteira dos Himalaias e as duas potências nucleares movimentaram milhares de tropas para o território disputado, ameaçando uma escalada militar. Já houve duas rixas entre patrulhas que causaram mais de 100 feridos.
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A tensão entre a China e a Índia tem subido de tom na fronteira dos Himalaias e as duas potências nucleares movimentaram milhares de tropas para o território disputado, ameaçando uma escalada militar. Já houve duas rixas entre patrulhas que causaram mais de 100 feridos.
A China e a Índia partilham uma fronteira de 3487 quilómetros e as patrulhas sempre foram algo comum, mas, no início de Maio, envolveram-se em duas rixas, com punhos e pedras, que causaram ferimentos em 100 soldados, diz o Guardian. As rixas ocorreram em locais a mais de mil quilómetros de distância entre si e estão a ser encaradas como sinais de crescente tensão, e de como as patrulhas se estão a aventurar para território contestado.
Pequim já deslocou quase dez mil soldados para a fronteira. Neste momento, podem ser vistas entre 80 a 100 tendas chinesas no lado de Pequim e quase 60 no indiano, diz a Reuters, baseando-se em informação dos militares indianos – a maioria da fronteira está fechada aos jornalistas, obrigando-os a trabalhar com base em fugas de informação, declarações e dados oficiais. E, em resposta, Nova Deli enviou vários batalhões de infantaria para “zonas de alerta operacional”, diz o Guardian.
“Nos últimos dias, a Índia tem construído instalações defensivas ilegais ao longo da fronteira e entrou em território chinês na região do vale de Galwan, sem deixar outra opção às forças de defesa chineses senão fazer as necessárias movimentações defensivas, o que aumenta o risco de escalada e de conflito entre os dois lados”, escreveu o analista chinês Long Xingchun no jornal pró-Pequim Global Times. A construção destas infra-estruturas ameaça o projecto mundial chinês da nova Rota da Seda, diz o Washington Post.
Acusação que Nova Deli recusa, argumentando que todas as suas acções decorrem no seu lado da fronteira. “Todas as actividades são inteiramente no lado indiano da fronteira. De facto, é o lado chinês que tem levado a cabo actividades que dificultam os padrões normais das patrulhas indianas”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Anurag Srivastava, citado pela Al-Jazeera.
A China está a alargar uma base militar localizada a 191 km da fronteira para albergar um maior número de tropas e aviões militares e tem aprofundado as suas relações com o Paquistão, levantando receios entre os militares indianos. Mas, ao mesmo tempo, a Índia também tem reduzido os laços económicos com a China, reforçado o seu apoio ao Tibete e fortalecido a cooperação de segurança com os Estados Unidos, Japão e Austrália, resultando numa crescente desconfiança por parte de Pequim.
Não é a primeira vez que a tensão sobe nos últimos anos. Em 2017, tropas indianas tentaram impedir que forças chinesas construíssem uma estrada na área de Doklam, nos Himalaias, e os dois lados inundaram a zona com soldados durante dois meses, até surgirem relatos de a China ter desistido da estrada, e as tropas serem retiradas.
Em 1962, China e Índia entraram numa curta e sangrenta guerra por diferendos territoriais nos Himalaias e, no final da década de 1980, acordaram orientações para se manter a paz na fronteira. Assinaram em 1993 um acordo para reforçar a paz e mais medidas foram acordadas em 1996 e 2006.