O público quis e o Festival de Almada vai acontecer

Mesmo no cenário de incerteza da pandemia, a 37.ª edição do mais importante festival de teatro do país irá para a frente, de 3 a 26 de Julho. A decisão foi tomada depois de consultados os seus fiéis espectadores. A uma programação maioritariamente portuguesa, juntar-se-ão dois ou três espectáculos além-fronteiras.

Foto
O público fiel do Festival de Almada está desejoso de regressar Nuno Ferreira Santos

A decisão foi tomada na quarta-feira, após o anúncio das regras oficiais para a reabertura das salas de espectáculos, mas o diagnóstico estava feito desde meados de Abril. No pico da pandemia da covid-19 em Portugal, Rodrigo Francisco e a equipa da Companhia de Teatro de Almada (CTA) contactaram telefonicamente os fiéis espectadores do mais importante festival de teatro do país e a conclusão foi clara: se o Festival de Almada avançasse, a maioria do público não ficaria em casa. “Mais de metade dos nossos espectadores disse-nos que queria que houvesse festival e que, havendo, compraria a assinatura e viria”, conta o director artístico do evento e da CTA ao PÚBLICO.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A decisão foi tomada na quarta-feira, após o anúncio das regras oficiais para a reabertura das salas de espectáculos, mas o diagnóstico estava feito desde meados de Abril. No pico da pandemia da covid-19 em Portugal, Rodrigo Francisco e a equipa da Companhia de Teatro de Almada (CTA) contactaram telefonicamente os fiéis espectadores do mais importante festival de teatro do país e a conclusão foi clara: se o Festival de Almada avançasse, a maioria do público não ficaria em casa. “Mais de metade dos nossos espectadores disse-nos que queria que houvesse festival e que, havendo, compraria a assinatura e viria”, conta o director artístico do evento e da CTA ao PÚBLICO.

Assim sendo, entre 3 e 26 de Julho, o Festival de Almada avançará com a sua 37.ª edição, num ano em que, devido às naturais limitações decorrentes da pandemia, a programação incidirá sobretudo em criações nacionais. Por causa das dificuldades de circulação internacional ainda em vigor, claro, mas também, confirma Rodrigo Francisco, enquanto medida de apoio ao frágil e precário tecido teatral português. “Tenho falado com alguns criadores e tem sido bastante dramático”, confessa. “Essa também foi uma das razões que nos fez insistir em fazer o festival este ano.”

Com a passagem do tempo, a programação que Rodrigo Francisco pensara para 2020 foi-se vendo emagrecida de quase todos os espectáculos internacionais, mas houve um esforço para não deixar cair todas as propostas. O Festival de Almada tem de momento já fechadas duas produções estrangeiras – pode juntar-se ainda uma terceira –, num gesto que o director pretende também que contenha uma leitura para lá da meramente artística. “Parece-me perigoso estarmos a fechar-nos sobre nós próprios; a ideia de festival é de abertura”, comenta.

É já certo que a edição deste ano, que terá a sua apresentação pública a 19 de Junho, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, terá um maior número de sessões por espectáculo, por ser mais comprida do que é costume (o festival decorre habitualmente de 4 a 18 de Julho). Uma estratégia destinada a compensar a redução da lotação das salas, que não poderão exceder 50% da sua capacidade.