Reitor da Universidade de Lisboa diz que alunos de residência contaminada ficam onde estão
Estudantes da Faculdade de Motricidade Humana estão barricados numa residência por receio de serem contagiados por colegas. Reitor garante que estes não irão mudar para a residência em protesto, ao contrário do que fora determinado pela direcção da faculdade.
O reitor da Universidade de Lisboa garantiu nesta quarta-feira que os estudantes das duas residências da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), onde está confirmado um caso de infecção, não serão obrigados a coabitar num único edifício e adiantou que o caso de covid-19 detectado apresenta uma carga viral baixa.
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O reitor da Universidade de Lisboa garantiu nesta quarta-feira que os estudantes das duas residências da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), onde está confirmado um caso de infecção, não serão obrigados a coabitar num único edifício e adiantou que o caso de covid-19 detectado apresenta uma carga viral baixa.
“Se isso acalma os estudantes, não vamos obrigar ninguém a mudar de residência”, disse à Lusa o reitor da Universidade de Lisboa (ULisboa), António Cruz Serra, adiantando que podem ficar na mesma residência onde estavam até serem testados e que o objectivo era apenas proceder à rápida descontaminação do edifício da Residência I, onde foi detectado um caso da covid-19, de uma funcionária, e há suspeitas ainda por confirmar de um segundo, de acordo com o que uma estudante adiantou à Lusa.
Onze estudantes da Faculdade de Motricidade Humana estão fechados no edifício da Residência II para impedir a entrada de dois estudantes da Residência I, onde se verificou o caso de infecção.
Em declarações à Lusa, uma estudante da Residência II, que preferiu manter o anonimato, mas que falava em nome dos 11 residentes, disse que os alunos decidiram encerrar o edifício, trancando portas e grades, para evitar a transferência dos dois estudantes da Residência I, conforme pretendia a direcção da faculdade, mas que o reitor disse que já não será feita.
A resistência à transferência, apoiada pelos estudantes de ambos os edifícios, tem por base o risco de contágio por covid-19, uma vez que a funcionária dos Serviços de Acção Social da Universidade de Lisboa (SASUL) que tem gabinete no edifício da Residência I, testou positivo para a doença na passada sexta-feira, tendo já tido um teste inconclusivo na terça-feira anterior, mantendo-se em funções e em contacto com os estudantes ao longo desse intervalo.
Segundo a aluna que falou à Lusa, uma estudante da Residência I foi esta madrugada transportada para o hospital pelo INEM com suspeitas de infecção por covid-19, tendo já regressado ao edifício, onde se encontra em isolamento e a aguardar os resultados do teste.
O reitor recusou ainda as críticas dos estudantes sobre a falta de oferta pela universidade de transporte em segurança para a realização dos testes no centro médico da Cidade Universitária, referindo que não é coerente com as recomendações da Direcção-Geral da Saúde e com os comportamentos diários dos próprios estudantes, que se deslocam das residências para outros pontos da cidade.
“Estamos a oferecer o teste que o Serviço Nacional de Saúde não ofereceria, porque achamos que a nossa função é tentar detectar o contágio por amostragem. No entanto, como temos capacidade instalada na universidade de testar as pessoas estamos a oferecer a capacidade de serem testadas. Se não quiserem não são testados”, disse o reitor.
António Cruz Serra disse que a funcionária com teste positivo trabalhou sempre de máscara, encontra-se bem, sem sintomas e revelou uma carga viral baixa nos resultados do teste feito pela universidade, que está a desenvolver uma investigação que inclui um estudo serológico para caracterização da população.
Esse estudo, para o qual já existem resultados de 950 testes, revelou 10 casos de covid-19 - um estudante e nove funcionários -- todos assintomáticos e com carga viral baixa.
O reitor da UL diz que sem este estudo há casos que nunca chegariam a ser detectados e contabilizados nas estatísticas nacionais, referindo ainda que são casos de infecções recentes que podem estar a contribuir “um bocadinho para o aumento de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo”.
Portugal contabiliza 1356 mortos associados à covid-19 em 31.292 casos confirmados de infecção, segundo o último boletim diário da Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.