Da fotografia à música, o Minho vai-se encher de residências artísticas
Inserido no projecto “Amar o Minho”, o programa estende-se de Junho de 2020 até Junho de 2021, em 24 municípios da região. Oriundos de várias áreas, os artistas convidados vão explorar as várias identidades do Minho nas suas criações.
Inspirada pelo Centro Português do Surrealismo, em Vila Nova de Famalicão, a inauguração de uma pintura mural de Xana Abreu vai iniciar, na primeira quinzena de Junho, um ciclo de obras criadas em residências artísticas espalhadas pelo Minho. Com apresentação marcada para quinta-feira, a iniciativa vai decorrer até Junho de 2021 e tem origem no consórcio Minho Inovação, que engloba 24 municípios, repartidos por três comunidades intermunicipais – Alto Minho, Cávado e Ave. Englobadas no projecto “Amar o Minho”, criado para promover a região como “destino turístico e cultural”, as residências procuram explorar as várias identidades minhotas segundo novos ângulos, esclareceu ao PÚBLICO uma das curadoras do programa, Helena Mendes Pereira.
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Inspirada pelo Centro Português do Surrealismo, em Vila Nova de Famalicão, a inauguração de uma pintura mural de Xana Abreu vai iniciar, na primeira quinzena de Junho, um ciclo de obras criadas em residências artísticas espalhadas pelo Minho. Com apresentação marcada para quinta-feira, a iniciativa vai decorrer até Junho de 2021 e tem origem no consórcio Minho Inovação, que engloba 24 municípios, repartidos por três comunidades intermunicipais – Alto Minho, Cávado e Ave. Englobadas no projecto “Amar o Minho”, criado para promover a região como “destino turístico e cultural”, as residências procuram explorar as várias identidades minhotas segundo novos ângulos, esclareceu ao PÚBLICO uma das curadoras do programa, Helena Mendes Pereira.
“Definimos que o projecto traria um conjunto de criadores que não trabalhariam a identidade da região a partir de um ângulo conservador ou tradicional”, afirma a directora da zet gallery, uma galeria de arte em Braga, que já expôs obras de alguns autores convidados.
Tanto as obras de arte em espaço público, de artesanato e de fotografia, coordenadas por si, como as criações na área da literatura, da dança e da música, com curadoria de António Rafael (Mão Morta), devem estar atentos a várias identidades regionais, como “as paisagens, a água, com os rios e a costa, a indústria e os museus”, acrescenta Helena Mendes Pereira. Essa busca das identidades minhotas exige que o artista permaneça no local por duas semanas, conhecendo as pessoas. “Este trabalho não pode ser autista. O trabalho tem de partir de um pressuposto identitário, que pergunte o que é o Minho e quem somos nós, minhotos”, reitera.
Apoiado por fundos comunitários, o projecto orçado em 96 mil euros rejeita a “lógica de um criador por município”, esclarece, no entanto, a directora da zet gallery. Em vez disso, permite a cada artista trabalhar em dois municípios para “promover uma estética transversal e “criar pontes”, tendo em conta as identidades de cada um. Um desses casos é o da escultora Patrícia Oliveira. Na Póvoa de Lanhoso, vai homenagear a filigrana com uma obra de arte em espaço público, a ser inaugurada em Outubro, enquanto, em Cabeceiras de Basto, já em 2021, vai criar uma obra a partir da tradição da lã. “Atribuímos a cada município áreas que entendíamos serem boas para se trabalhar”, frisa Helena Mendes Pereira, dando o exemplo da obra que Ana Almeida Pinto vai criar para o Museu da Olaria, em Barcelos, com inauguração prevista para Setembro.
No Alto Minho, o espaço e o tempo são para a música e para a dança. Em Novembro, Ponte de Lima vai receber André Henriques, músico dos Linda Martíni que lançou, em Março, o primeiro disco a solo. Já Ponte da Barca vai receber posteriormente Miguel Pereira, para um projecto de bailado a ser concretizado com a escola de ballet do concelho.
A jornada artística pelo Minho começa, porém, a sul, no vale do Ave, com a intervenção de Xana Abreu na Casa de Juventude, em Famalicão. A inauguração está prevista para uma data em torno de 13 de Junho, dia de Santo António e feriado municipal. “A data visa compensar o vazio de programação, já que as festas de Santo António não vão sair à rua”, esclarece a coordenadora do programa.
Espaço público imune à Covid-19
O espaço público é a principal marca do ciclo de residências artísticas nos seus primeiros meses: é nesse contexto que as cinco primeiras obras vão ser inauguradas. Depois de Famalicão, segue-se Guimarães ainda em Junho, com uma obra de arte pública de Mónica Mindelis, baseada no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, a ser inaugurada no dia 24, feriado municipal. O trabalho fotográfico de Rodrigo Amado em Mondim de Basto vai ser inaugurado em Julho. As obras do artista plástico Luís Canário Rocha em Fafe e em Esposende são expostas a partir de Agosto.
A escolha desses projectos para abrir o ciclo deve-se às “exigências do combate à propagação da covid-19”, explica Helena Mendes Pereira. “Estes projectos permitem maior distanciamento social”, refere. “Os municípios foram sensíveis à possibilidade de não atrasarmos o projecto, que está a decorrer segundo as datas previstas”.
O programa lançado pelo consórcio de municípios, lembra ainda a responsável, está a dar oportunidades de trabalho a criadores numa “fase de emergência social para a comunidade artística” e a mostrar que a “cultura tem lugar”. “Estamos com um grupo de criadores muito entusiasmados e muito empenhados”.
O ano de 2020 vai contar ainda com uma obra de arte criada a partir dos lenços dos namorados, em Vila Verde. No próximo ano, vão ser inauguradas criações em Amares, Arcos de Valdevez, Braga, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença, Viana do Castelo, Vieira do Minho, Vila Nova de Cerveira e Vizela, além de Cabeceiras de Basto.