Gucci reduz desfiles anuais — também pela sustentabilidade

Marca de roupa italiana declara calendário das semanas da moda “obsoleto”.

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"Vou abandonar o ritual desgastado das sazonalidades e dos espectáculos para recuperar uma nova cadência", anunciou Alessandro Michele Reuters/Tony Gentile

A Gucci prepara-se para abandonar os tradicionais desfiles das semanas da moda, cujo calendário de estações (Primavera/Verão, Outono/Inverno) está, afirmou o director criativo da etiqueta, Alessandro Michele, ultrapassado.

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A Gucci prepara-se para abandonar os tradicionais desfiles das semanas da moda, cujo calendário de estações (Primavera/Verão, Outono/Inverno) está, afirmou o director criativo da etiqueta, Alessandro Michele, ultrapassado.

“Acho que estas palavras [Primavera/Verão, Outono/Inverno] são obsoletas”, considerou, durante uma reservada conferência de imprensa virtual, transmitida a partir do seu atelier em Roma e citada pelo The Guardian. “As roupas devem ter uma vida mais longa do que aquela que aquelas palavras lhes atribuem”, reflectiu, justificando a sua decisão de passar a mostrar colecções “sem estação” apenas duas vezes por ano.

Antes, o designer já tinha partilhado, no Instagram, as ideias com que costura o futuro das suas criações. “Vou abandonar o ritual desgastado das sazonalidades e dos espectáculos para recuperar uma nova cadência, mais próxima da minha forma de expressão”, escreveu, adiantando que “vamos encontrar-nos apenas duas vezes por ano para partilhar os capítulos de uma nova história”, que descreve como “irregulares, alegres e absolutamente livres”.

Os pensamentos de Alessandro Michele têm origem na situação actual, com o surto pelo coronavírus SARS-CoV-2 a ter determinado o cancelamento de vários eventos, nomeadamente as apresentações de moda e alta-costura para homens, previstas agora para Julho, com lugar na Internet. Mas, acabam também por dar resposta à questão da sustentabilidade com que a indústria se tem debatido, escreve o The New York Times.

Há anos que muitas marcas e clientes pedem que se repense um sistema que representa uma avultada pegada de carbono, mas também um enorme encargo financeiro para os emblemas: viagens, acomodação, inscrição, etc. No último mês, o alfaiate belga Dries Van Noten liderou um movimento entre vários designers independentes que se uniram num apelo no sentido de diminuir o número anual de desfiles. Mas a decisão de um peso pesado como a Gucci — em 2019, a facturação rondou os 9600 milhões de dólares (8750 milhões de euros) — poderá ser determinante para que mais marcas de relevo sigam o mesmo caminho e a mudança chegue.