Covid-19: Prémio Turner cancelado, mas o dinheiro que lhe estava destinado (e mais) vai ser distribuído na mesma

A Tate Britain, museu que promove o prémio, considerou que não havia tempo para preparar a exposição do Outono que serve de palco aos finalistas e resolveu trocá-lo por dez bolsas para dez artistas. Com dez mil libras cada.

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O ano de 2019 foi de excepção no Prémio Turner com quatro vencedores, premiando obras sobre feminismo, direitos humanos ou a globalização VICKIE FLORES/EPA

Desde que a pandemia de covid-19 começou a mudar o mundo e a maneira como vivemos que têm sido muitos os condicionalismos e alterações impostos ao universo das artes visuais, dos museus ao mercado de leilões, passando pelas feiras e bienais. Nada mais natural. Agora chegou a vez da edição deste ano do Prémio Turner, o mais prestigiante para a arte contemporânea no Reino Unido, a ficar pelo caminho, ou melhor, a fugir aos moldes habituais.

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Desde que a pandemia de covid-19 começou a mudar o mundo e a maneira como vivemos que têm sido muitos os condicionalismos e alterações impostos ao universo das artes visuais, dos museus ao mercado de leilões, passando pelas feiras e bienais. Nada mais natural. Agora chegou a vez da edição deste ano do Prémio Turner, o mais prestigiante para a arte contemporânea no Reino Unido, a ficar pelo caminho, ou melhor, a fugir aos moldes habituais.

Segundo o diário britânico The Guardian, a Tate Britain, museu que promove o galardão que homenageia o pintor inglês do século XIX J.M.W. Turner, chegou à conclusão de que não conseguiria pôr em marcha todo o processo que conduz à selecção do artista do ano. Sem pandemia, seria de esperar que o júri da presente edição deste prémio destinado apenas a artistas britânicos divulgasse agora a lista dos quatro finalistas a este galardão no valor total de 40 mil libras (cerca de 48 mil euros). Este grupo seria, então, convidado a criar obras para uma grande exposição a inaugurar no Outono e o vencedor seria anunciado em Dezembro, levando para casa 25 mil libras (28 mil euros), cabendo aos restantes três cinco mil libras cada (5600 euros). 

Alex Farquharson, director da Tate Britain, fez saber que, dadas as actuais restrições impostas pela covid-19 no Reino Unido, é inviável montar a exposição dos quatro finalistas a tempo de uma inauguração no Outono. Mas ao invés de guardar na gaveta as 40 mil libras do prémio, o museu resolveu ir mais longe no apoio aos artistas. “Quisemos apoiar uma selecção mais vasta de artistas neste período profundamente disruptivo e incerto”, disse ao Guardian, referindo-se à decisão de distribuir um montante total de 100 mil libras (quase 112 mil euros) por dez artistas, também eles britânicos, que receberão uma bolsa de dez mil libras cada (11 mil euros). 

“Penso que J.M.W. Turner, que em tempos planeou deixar a sua fortuna para o apoio aos artistas em momentos de necessidade, teria aprovado esta decisão”, acrescentou Alex Farquharson.

Os quatro membros do júri encarregues de seleccionar os finalistas da edição deste ano, e que passaram os últimos 12 meses em viagens para ver exposições e assim acompanhar o trabalho dos criadores, ficarão encarregues de escolher os dez destinatários da bolsa. Os seus nomes deverão ser anunciados no final de Junho. 

Atribuído desde 1984, com alterações de periodicidade, entre outras, o Prémio Turner continua a apostar em artistas capazes de inovar no campo das artes visuais. Pontualmente muito controverso — basta lembrar os anos em que foi parar às mãos de Chris Ofili ou de Tracey Emin — tem na sua lista de galardoados artistas como Anish Kapoor, Antony Gormley, Rachel Whiteread e Gilbert & George.