Thirst Project Portugal: eles querem levar água potável a quem não tem
O Thirst Project Portugal reúne mais de 70 equipas de estudantes, dos 16 aos 23 anos, de norte a sul do país. O objectivo é angariar fundos para levar água potável a zonas críticas de países em desenvolvimento.
Lavar as mãos durante 40 a 60 segundos: é este o conselho da Direcção-Geral de Saúde que tanto tem ecoado nos nossos ouvidos durante os últimos meses. A tarefa não é difícil, mas tornava-se complicada se a torneira fosse antes um pequeno lago, partilhado com animais, a seis quilómetros de casa. Em tempos de pandemia de covid-19, a valorização da água torna-se mais evidente. Mas, para o Thirst Project Portugal, esta missão não é de agora.
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Lavar as mãos durante 40 a 60 segundos: é este o conselho da Direcção-Geral de Saúde que tanto tem ecoado nos nossos ouvidos durante os últimos meses. A tarefa não é difícil, mas tornava-se complicada se a torneira fosse antes um pequeno lago, partilhado com animais, a seis quilómetros de casa. Em tempos de pandemia de covid-19, a valorização da água torna-se mais evidente. Mas, para o Thirst Project Portugal, esta missão não é de agora.
Matilde Bragança de Miranda tem 17 anos e estuda em Lisboa. O tom de voz não deixa esconder o orgulho por fazer parte de um projecto cujo objectivo passa por criar furos de água em zonas críticas de países em desenvolvimento. No entanto, explica a coordenadora do departamento de relações externas, a história começou há dez anos, nos Estados Unidos da América. “Em 2008, sete alunos de Los Angeles decidiram juntar o dinheiro que tinham e comprar garrafas de água. Foram para a rua e começaram a perguntar às pessoas quanto davam por uma garrafa de água limpa e por não terem de andar seis horas por dia em busca de água contaminada e partilhada com animais. As pessoas começaram a envolver-se no projecto e a dar dinheiro, valores simbólicos, pelas garrafas. Nesse dia, arrecadaram 1700 dólares”, explica. Foi esta a inspiração de um grupo de portugueses que se juntou à mesma causa. Hoje, são mais de 70 as equipas de jovens reunidas de norte a sul de Portugal.
A estratégia passa pela angariação de fundos através de vários meios. Cada equipa coordena iniciativas e actividades, como eventos em escolas, vendas ou até mesmo a dinamização de sunsets. “Em 2019 fizemos uma noite de fados. As pessoas pagavam pela entrada e vários fadistas foram cantar. Foi um dos eventos de maior sucesso”, relata Matilde. Para além dos eventos, que a covid-19 não deixa agora concretizar, há ainda outras formas de contribuir. O Thirst Project Portugal apostou no merchandising como forma de angariar mais dinheiro e disponibilizou camisolas e t-shirts para venda através da sua página de Instagram e uma angariação de fundos, também online.
O valor reunido em cada delegação nacional é encaminhado depois para o Thirst Project, que gere o dinheiro para que sejam construídos os furos de água com recurso a empresas do próprio país de destino. A próxima missão é dar água potável a toda a Suazilândia. Neste país do sul de África, “um dos mais pequenos” do continente africano, atingir uma “cobertura com 100% de água potável é um objectivo atingível”. Num dos países do mundo com maior incidência de infecção por VIH/Sida, a população é “vulnerável” e, acredita a estudante de 17 anos, “a água potável é uma barreira enorme contra a mortalidade”.
Matilde admite que a situação de pandemia de covid-19 tem vindo a consciencializar a população para a importância da água potável. “É estranho pensar em como lidaríamos com esta pandemia se não tivéssemos acesso a água potável. Traz toda uma nova perspectiva à nossa causa”, completa. Por isso mesmo, o trabalho da associação não parou e todos os departamentos têm reunido.
Texto editado por Ana Maria Henriques