Não fosse a pandemia e Portugal precisava de um crédito ambiental a partir de segunda-feira

No ano passado, demoramos mais um dia a esgotar os recursos disponíveis para aquele ano. Os efeitos da pandemia, quando forem contabilizados, devem atirar a data prevista para este ano um pouco mais para a frente.

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Todos os anos a Global Footprint Network (GFN) actualiza a pegada ecológica dos países do mundo para que estes saibam quão além dos recursos disponíveis estão a ir, na forma como os seus cidadãos vivem e consomem. Este ano, não fosse a pandemia, e Portugal teria atingido esta segunda-feira o limite dos recursos disponíveis para este ano. Um dia antes do que aconteceu em 2019, o que não são boas notícias.

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Todos os anos a Global Footprint Network (GFN) actualiza a pegada ecológica dos países do mundo para que estes saibam quão além dos recursos disponíveis estão a ir, na forma como os seus cidadãos vivem e consomem. Este ano, não fosse a pandemia, e Portugal teria atingido esta segunda-feira o limite dos recursos disponíveis para este ano. Um dia antes do que aconteceu em 2019, o que não são boas notícias.

O alerta foi deixado pela Zero que, em parceria com a GFN, segue a forma como o nosso país vai gerindo os recursos produtivos que tem à sua disposição. E o balanço não é bom. “Se cada pessoa do planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria mais de dois planetas para sustentar a sua necessidade de recursos”, diz a organização ambientalista em comunicado. O que significa que “a área produtiva para regenerar recursos e absorver resíduos a nível mundial esgotar-se-ia no dia 25 de Maio, um dia mais cedo que em 2019, cuja data foi a 26 de Maio”, avisa. Espanha tem mais dois dias de crédito - atinge o seu limite a 27 de Maio - e o país com menor pegada ecológica, dos avaliados pela GFN é a Indonésia, que só atinge o seu limite a 18 de Dezembro.

Na prática, o que isto significa é que, não fosse a pandemia, e a partir de terça-feira os portugueses já estariam a usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir do início do próximo ano. E a ressalva da pandemia é uma constante no comunicado da Zero, porque é sabido que a paragem a fundo da actividade económica teve consequências bem marcadas na vida dos portugueses, pelo que, quando se fizerem de novo as contas tendo em conta esta variante, é provável que a data em que esgotamos os nossos recursos para 2020 salte um pouco mais para a frente.

E é por isso que, de novo, a Zero apela a que este período seja utilizado para uma reflexão e mudança na política e nos comportamentos individuais, para que a dívida ambiental portuguesa possa, finalmente, começar a baixar. 

Segundo os dados da associação, o consumo de alimentos e a mobilidade são os principais responsáveis pelo peso da nossa pegada ecológica, representando, respectivamente, 32% e 18% da mesma, pelo que as recomendações deixadas pela associação passam muito por mudanças nestas áreas. 

Em termos de políticas para o futuro, pede-se uma agricultura “de múltiplos outputs e promotora da soberania alimentar”, mais aproveitamento do potencial do teletrabalho e o desenvolvimento de infra-estruturas que potenciam o uso de meios de transporte suaves. Há também um apelo para uma maior regulamentação de todos os produtos colocados no mercado, para garantir a sua sustentabilidade, nomeadamente, ao nível da sua reutilização e reciclabilidade.

Aos cidadãos, a Zero pede que olhe para a forma como consomem e como se movem, optando por reduzir o consumo de carne, recorrendo mais à economia circular e movimentando-se de modo mais sustentável, seja a pé, de bicicleta ou recorrendo aos transportes público. O avião, claro, é visto como algo que deve ser utilizado apenas quando é indispensável.