1. Ninguém quis poupar nas palavras que saudaram a inesperada iniciativa da chanceler alemã e do Presidente francês para ajudar a relançar a economia europeia. Há razões para isso. A iniciativa propõe um fundo de recuperação de 500 mil milhões de euros para apoiar os países mais afectados pela pandemia em condições que ninguém ousava imaginar apenas há meia dúzia de dias. O fundo deverá ser financiado por dívida conjunta emitida pela União Europeia. As verbas serão transferidas para os destinatários sob a forma de subvenções e não de empréstimos. Não é tanto o montante do fundo – mesmo que significativo – que impressiona. O que é totalmente novo é a decisão alemã de aceitar a emissão de dívida conjunta, mesmo que para um objectivo específico, e a sua transferência directa para os países com menor margem de manobra para enfrentar as devastadoras consequências económicas e sociais da pandemia. Representa uma ruptura com a política europeia de Berlim. É um passo de gigante em direcção a uma maior partilha de riscos, e não apenas de regras, entre os países da zona euro. É um sinal forte de que a Alemanha precisa da Europa e não tenciona deixar cair a Europa. E é a manifestação de que a França continua a ser capaz de desempenhar o seu papel fundamental de charneira entre o Norte e o Sul, fazendo a ponte entre os interesses dos países mais penalizados pela anterior crise das dívidas soberanas e uma Alemanha por vezes demasiado hesitante sobre o seu destino europeu ou sobre que destino dar ao seu poder económico. “É mais do que excepcional, não tem precedente. Paris e Berlim concordaram numa questão que era intocável para os alemães há apenas algumas semanas”, diz Tara Varma, directora do European Council on Foreign Relations de Paris.
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1. Ninguém quis poupar nas palavras que saudaram a inesperada iniciativa da chanceler alemã e do Presidente francês para ajudar a relançar a economia europeia. Há razões para isso. A iniciativa propõe um fundo de recuperação de 500 mil milhões de euros para apoiar os países mais afectados pela pandemia em condições que ninguém ousava imaginar apenas há meia dúzia de dias. O fundo deverá ser financiado por dívida conjunta emitida pela União Europeia. As verbas serão transferidas para os destinatários sob a forma de subvenções e não de empréstimos. Não é tanto o montante do fundo – mesmo que significativo – que impressiona. O que é totalmente novo é a decisão alemã de aceitar a emissão de dívida conjunta, mesmo que para um objectivo específico, e a sua transferência directa para os países com menor margem de manobra para enfrentar as devastadoras consequências económicas e sociais da pandemia. Representa uma ruptura com a política europeia de Berlim. É um passo de gigante em direcção a uma maior partilha de riscos, e não apenas de regras, entre os países da zona euro. É um sinal forte de que a Alemanha precisa da Europa e não tenciona deixar cair a Europa. E é a manifestação de que a França continua a ser capaz de desempenhar o seu papel fundamental de charneira entre o Norte e o Sul, fazendo a ponte entre os interesses dos países mais penalizados pela anterior crise das dívidas soberanas e uma Alemanha por vezes demasiado hesitante sobre o seu destino europeu ou sobre que destino dar ao seu poder económico. “É mais do que excepcional, não tem precedente. Paris e Berlim concordaram numa questão que era intocável para os alemães há apenas algumas semanas”, diz Tara Varma, directora do European Council on Foreign Relations de Paris.