Semáforos nas praias e jardins, e ementas em código. A tecnologia do desconfinamento
Com o desconfinamento, estão a aparecer soluções tecnológicas para ajudar as pessoas a manter o distanciamento social e retomar hábitos como ir ao restaurante e centros comerciais em segurança.
Com vários países, incluindo Portugal, a iniciar o regresso à normalidade no meio da pandemia, têm surgido várias soluções tecnológicas para ajudar as pessoas a manter o distanciamento social e retomar hábitos como ir ao restaurante e aos centros comerciais em segurança. Especialmente, em zonas mais populosas.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Com vários países, incluindo Portugal, a iniciar o regresso à normalidade no meio da pandemia, têm surgido várias soluções tecnológicas para ajudar as pessoas a manter o distanciamento social e retomar hábitos como ir ao restaurante e aos centros comerciais em segurança. Especialmente, em zonas mais populosas.
Há menus digitais (acessíveis através de QR codes nas mesas dos restaurantes) para evitar contactar com mais superfícies, e semáforos para contar pessoas à entrada de lojas e praias e impedir que fiquem lotadas. Muitos projectos são novos, mas outros existem há anos.
Semáforos nas praias, jardins e feiras
A Smart City Sensor, uma startup que desenvolve soluções para dar resposta às cidades do futuro, criou um semáforo digital para a época balnear de 2020 que já foi testado em Matosinhos.
A contabilização é feita em tempo real, através de sensores que registam o número de pessoas que passam. Quando a praia atinge uma lotação que impede o distanciamento social, a informação é comunicada a um painel informativo central (que funciona como um semáforo) e apresenta uma luz vermelha que proíbe a entrada. As autoridades, porém, são avisadas antes.
“As autoridades são alertadas sempre que o equipamento passa de ocupação baixa para elevada ou plena”, clarifica ao PÚBLICO Pedro Bastos, responsável pelos projectos Smart City Sensor, notando que a equipa está em contacto com 20 municípios de norte a sul do país.
Os sensores estão todos interligados via digital através de informação na cloud (um modelo de computação em que os conteúdos e aplicações estão alojados fora do computador, em servidores). Além de enviar relatórios sobre a ocupação das praias para as autoridades costeiras, a informação recolhida é utilizada para actualizar aplicações móveis com informação sobre a lotação das praias e a qualidade das águas balneares.
“As pessoas antes de saírem de casa podem e devem consultar as aplicações para saber se a sua praia está lotada”, reforça Pedro Bastos, notando que o sistema “funciona em diferentes cenários como jardins, feira e parques.”
Maçanetas portáteis para abrir portas com cotovelos e pés
Em Maio, antecipando o pós-pandemia, a empresa portuguesa 3DWays, que se especializa na prototipagem e impressão 3D, propôs a criação de “peças de acessibilidade" que permitem às pessoas evitar tocar directamente com as mãos nas mais diversas superfícies.
Entre as sugestões, há uma peça que se coloca em puxadores e permite abrir portas com o cotovelo, uma caneta que permite carregar em botões (por exemplo, terminais de pagamento) e outras peças que permitem rodar chaves ou abrir torneiras. Todos são produtos pronto a imprimir, e muitos são disponibilizados gratuitamente às empresas que precisem.
“Neste momento, além das maçanetas, desenvolvemos também uma peça para abrir portas com o pé que já está pronta para produção massiva. A ideia é que que fique aparafusada à parte de baixo de uma porta”, explicou ao PÚBLICO Francisco Tenente, fundador da 3DWays.
Até agora, a maioria dos contactos para as maçanetas têm vindo de clínicas de saúde, mas com o desconfinamento Tenente acredita que surjam novas necessidades. “As empresas e serviços podem começar a perceber que têm necessidades específicas, particularmente se precisarem de partilhar ferramentas para conseguir realizar o seu trabalho”, nota Tentente. “A vantagem de empresas como a nossa, que se especializam na impressão 3D, é produzir soluções à medida.”
Além das peças de acessibilidade, a empresa é responsável pela criação do #SOSCovid, um movimento que junta 50 empresas, incluindo a 3DWays, para produzir, gratuitamente, milhares de viseiras e outro material de saúde necessário.
Menu em código
O Menu Digital é uma aplicação desenvolvida pelas Páginas Amarelas que permite aos restaurantes partilhar os seus menus através de um QR Code, uma espécie de código de barras que é lido com o telemóvel. Para aceder aos pratos disponíveis, que em alguns restaurantes mudam diariamente, o cliente apenas tem de apontar a câmara do seu telemóvel ao código disponibilizado pelo restaurante.
Além de aceder ao menu, a aplicação também facilita o pagamento digital. Há soluções semelhantes a serem desenvolvidas e implementadas noutros países do mundo.
Lojas também contam clientes
As lojas são outros espaços que beneficiam de informação precisa sobre a taxa de ocupação. A SecureCounter é uma proposta da empresa de soluções digitais Innovagency que usa inteligência artificial para ensinar câmaras a detectar a saída e entrada de humanos em espaços fechados. Já há lojas na Alemanha e na Suíça a utilizar a solução.
“Desenvolvemos a ideia muito recente, a pensar no desconfinamento. Não há reconhecimento facial, nem registo de imagens. O que as câmaras fazem é identificar que há pessoas a entrar ou a sair”, explica ao PÚBLICO Pedro Barbosa, responsável pelas soluções digitais da Innovagency, que frisa que “não é necessária ligação à Internet”.
A informação é apresentada num ecrã que, tal como os semáforos nas praias, alerta os clientes quando devem ficar à espera antes de entrar.
Apesar de a SecureCounter ser uma “solução covid-19”, a ideia não é única. Há anos que a ShopperTrak, uma empresa com operações em 64 países, incluindo Portugal, faz o mesmo – mas para outros fins. Até agora, o maior objectivo da informação recolhida pelos sistemas de contagem da ShopperTrak era cruzar informação sobre o número de clientes a entrar e sair em loja, com o número de funcionários, unidades vendidas, e valor de facturação. A empresa trabalha com gigantes do retalho como a Calzedonia, Fnac, Adidas, Mango e grupo Sonae (proprietário do Público).