Vice da Comissão Europeia pede a activistas que convençam governos a aceitar agricultura mais verde

“Falem com os vossos governos, muitas vezes são eles que resistem e serão eles que terão que concordar”, disse Frans Timmermans numa conversa por teleconferência com os jovens do movimento Fridays For Future.

Foto
Reuters/POOL

O vice-presidente da Comissão Europeia afirmou esta sexta-feira que os governos dos Estados-membros são um dos principais obstáculos para virar a Política Agrícola Comum (PAC) no sentido dos objectivos do Pacto Ecológico Europeu. Numa conversa por teleconferência com activistas europeus do movimento Greve Climática Mundial, Frans Timmermans apelou aos jovens para que pressionem os governos dos seus países a aceitar objectivos mais ecológicos na negociação das políticas agrícolas, reconhecendo que “serão necessárias reformas” na PAC.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O vice-presidente da Comissão Europeia afirmou esta sexta-feira que os governos dos Estados-membros são um dos principais obstáculos para virar a Política Agrícola Comum (PAC) no sentido dos objectivos do Pacto Ecológico Europeu. Numa conversa por teleconferência com activistas europeus do movimento Greve Climática Mundial, Frans Timmermans apelou aos jovens para que pressionem os governos dos seus países a aceitar objectivos mais ecológicos na negociação das políticas agrícolas, reconhecendo que “serão necessárias reformas” na PAC.

O movimento Fridays for Future pediu “um novo começo na construção da PAC” que garanta respostas do sector agrícola à crise climática, mas para Timmermans começar de novo significaria “perder anos”. “Falem com os vossos governos, muitas vezes são eles que resistem e serão eles que terão que concordar. Estão relutantes [em aceitar políticas agrícolas mais consentâneas com o ambiente] porque receiam que seja um fardo demasiado pesado sobre os seus agricultores”, afirmou.

Timmermans admitiu que “a PAC não está alinhada com o Pacto Ecológico Europeu” e indicou que o Parlamento Europeu encarregou a Comissão de fazer propostas para a orientar nesse sentido. Para o vice da Comissão Europeia, “há bastante espaço de manobra para reorientar a PAC, não é preciso uma proposta nova”.

Entre o que precisa de mudar estão os pagamentos directos, que Timmermans indicou que “costumam ir para os grandes proprietários de terra e não para os agricultores”. “Não chegam às pessoas que queremos”, referiu. Entre os desafios principais está que os Estados-membros aceitem que “40% do que se gasta na CAP seja dirigido para a agricultura sustentável”, como pretende a Comissão, apontou.

“Nisto, não poderemos falhar”, considerou, destacando que orientar a PAC para a sustentabilidade “não pode ser feito contra os agricultores”. “Vai haver quem tente bloquear as reformas. Não podemos tornar isto uma luta entre quem está pelo ambiente e os agricultores, senão perdemos todos”, salientou.

Entre os pontos do Pacto Ecológico Europeu está a plantação de “três mil milhões de árvores, cujos guardiões terão que ser os agricultores”, referiu. Com a pandemia da covid-19, “viver uma vida saudável e fazer uma alimentação saudável” ganha uma nova prioridade nas necessidades das pessoas, argumentou, e o mundo vai precisar de alimentar “10 mil milhões de pessoas”, o que torna imperioso apostar “na agricultura de precisão, com menos pesticidas, menos fertilizantes.

Na quarta-feira, a Comissão Europeia adoptou a “Estratégia da Biodiversidade”, com um financiamento de 20 mil milhões de euros por ano, e a “Estratégia do Prado ao Prato”, que contempla uma redução para metade da utilização e risco dos pesticidas. Na carta divulgada esta sexta-feira, quando se assinala o Dia Internacional da Biodiversidade, o Fridays For Futures sublinha: “Os políticos da UE têm que reconhecer que, por um lado, uma das grandes esperanças no combate à Crise Climática e no combate ao colapso da biodiversidade assenta na agricultura e que, por outro lado, a actual PAC está perto de a destruir”.