Paulo Marques criou uma plataforma de homenagem aos mortos
A plataforma In Memorium já estava pensada antes da pandemia, mas agora pode ser “uma ajuda muito grande” face às actuais limitações às cerimónias fúnebres, acredita o seu criador.
O desaparecimento do pai, no final de 2018, fez com que Paulo Marques, 52 anos, lidasse directamente com a morte pela primeira vez. “Não gostei nada da forma como o luto se faz em Portugal e queria lutar contra isso”, conta ao PÚBLICO. A morte Diamantino Marques, aos 92 anos, coincidiu com o período em que Paulo Marques se viu obrigado a encerrar a empresa em que trabalhava e, em 2019, estava no desemprego. Foi então que começou a desenhar o que viria a ser o website In Memorium, uma plataforma online de homenagem aos mortos.
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O desaparecimento do pai, no final de 2018, fez com que Paulo Marques, 52 anos, lidasse directamente com a morte pela primeira vez. “Não gostei nada da forma como o luto se faz em Portugal e queria lutar contra isso”, conta ao PÚBLICO. A morte Diamantino Marques, aos 92 anos, coincidiu com o período em que Paulo Marques se viu obrigado a encerrar a empresa em que trabalhava e, em 2019, estava no desemprego. Foi então que começou a desenhar o que viria a ser o website In Memorium, uma plataforma online de homenagem aos mortos.
“A morte do meu pai foi pacífica, mas depois do choque inicial e do funeral — dão-se os sentimentos e as condolências e pronto —, o morto é apagado, tenta-se não falar mais nisso”, avalia o criador do site, que fez carreira ligada à área financeira e à corretagem. Por isso, o In Memorium pretende ser um local onde se possa partilhar experiências e memórias, podendo ainda ser partilhadas fotografias ou vídeos. “Este é um local exclusivamente dedicado a essa partilha”, explica, uma vez que muitas dessas homenagens já são feitas através das redes sociais, por exemplo.
“A ideia é também que isto possa perdurar durante gerações”, acrescenta Paulo Marques, “podemos homenagear os nossos familiares e depois ter os bisnetos e trinetos a ler o que foi escrito”. Por outro lado, a presença na Internet faz com que os familiares e amigos à volta do mundo possam participar directamente na troca de memórias.
O projecto está incubado na Associação de Melhoramentos e Bem Estar Social de Areias, Ferreira do Zêzere, lar onde Diamantino Marques passou os últimos dias, mas a ideia não é portuguesa nem nova. Ao desenhar o site, Paulo Marques percebeu que o conceito é prática comum nos Estados Unidos e, por isso, o In Memorium trouxe para Portugal a organização do forevermissed.com, uma plataforma equivalente, mas dedicada àquele país.
O lançamento aconteceu no início de Maio e, embora a intenção de criar um espaço de homenagem online venha de “muito antes de ter aparecido esta pandemia”, o ex-corretor admite que “nesta fase, um local de partilha destes poderá ser uma ajuda muito, muito importante” já que os funerais estão limitados aos familiares directos e sem direito a cortejos fúnebres ou missas.
Segundo o empresário, o familiar que está a administrar a página do memorial pode “partilhar vídeos e fotografias da cerimónia” para quem gostaria de estar presente, ou até partilhar links para um stream, de forma a que as cerimónias possam ser vistas em directo por quem tiver esse acesso.
A plataforma tem uma opção gratuita que permite a criação de um local de homenagem com a partilha de três fotografias e uma opção premium que, entre outras características, permite a partilha ilimitada de conteúdos multimédia.