A crise que ergueu a multidão do precariado das artes
Vivem dias “de incerteza sufocante”. Sem trabalho e com pouco dinheiro, a “fazer contas à vida”. Mas não se deixam paralisar. O choque bruto e fulminante no corpo colectivo dos trabalhadores das artes e da cultura em Portugal está a pôr em marcha um pujante movimento de união e reivindicação laboral. Retrato de uma luta-in-progress.
Primeiro foi a imagem em branco que começou a aparecer nas fotos de perfil das redes sociais de artistas e outros agentes culturais. Branco como sinónimo de silêncio, em contraponto ao frenesim das actividades culturais online que tentavam colmatar o buraco provocado pela pandemia. Mas também como sinónimo do vazio nos bolsos e nos frigoríficos daqueles que, de repente, sem margem de manobra, viram o seu trabalho totalmente paralisado ou brutalmente reduzido.