Transportes: empresas ainda não seguem recomendação da DGS para passageiros entrarem pela porta traseira

Nova orientação da Direcção-Geral da Saúde para os transportes, publicada esta quarta-feira, recomenda que a entrada e saída de passageiros seja feita pela porta traseira. Com o regresso das validações obrigatórias no início de Maio e as máquinas de validação à entrada dos autocarros, junto aos motoristas, será a opção viável?

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Rui Gaudencio

Com o fim do estado de emergência, voltou a ser obrigatória a validação de passes e de outros títulos de transportes que tinha sido suspensa para evitar contactos. No caso dos autocarros, os passageiros, que entravam pela porta traseira durante esse período para reduzir a proximidade ao motorista, passaram a ter de fazê-lo novamente pela porta da frente, uma vez que as máquinas de validação se encontram na entrada do veículo. Esta quarta-feira, uma nova orientação da Direcção-Geral de Saúde para os transportes públicos recomenda que a entrada e a saída de passageiros sejam feitas pela porta traseira. Mas não é isso que está a acontecer nem na Carris nem na STCP. 

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Com o fim do estado de emergência, voltou a ser obrigatória a validação de passes e de outros títulos de transportes que tinha sido suspensa para evitar contactos. No caso dos autocarros, os passageiros, que entravam pela porta traseira durante esse período para reduzir a proximidade ao motorista, passaram a ter de fazê-lo novamente pela porta da frente, uma vez que as máquinas de validação se encontram na entrada do veículo. Esta quarta-feira, uma nova orientação da Direcção-Geral de Saúde para os transportes públicos recomenda que a entrada e a saída de passageiros sejam feitas pela porta traseira. Mas não é isso que está a acontecer nem na Carris nem na STCP. 

A Carris, que opera no concelho de Lisboa, fazendo ainda ligação aos concelhos de Loures, Odivelas, Amadora e Oeiras, diz estar a “equacionar” manter a entrada pela porta da frente, uma vez que está “a implementar progressivamente a segregação dos motoristas, através da implementação de barreiras físicas”, protegendo-os assim do contacto com os passageiros que entrem nos autocarros. 

Este exemplo, refere a Carris em resposta ao PÚBLICO, pode já observar-se nos eléctricos tradicionais.
 
Além da separação física que está a ser instalada em todos os veículos, o uso de máscara é obrigatório para passageiros e motoristas. Os veículos estão a ser higienizados com maior frequência e estão a ser distribuídas luvas, álcool, máscaras e viseiras a todos os motoristas.

Também a STCP, que opera no Grande Porto, está a instalar cabines “para maior segurança no contacto entre motoristas e passageiros” nas mais de 400 viaturas que compõem a sua frota. Este processo, refere a empresa, deverá estar concluído ainda este mês. Entretanto, o acesso aos autocarros está a ser feito pela porta da frente. E assim se deverá manter, mesmo após esta recomendação da DGS de que as entradas e saídas dos autocarros sejam feitas pela porta traseira.

A lotação das viaturas está agora em dois terços da sua capacidade — durante o estado de emergência era apenas de um terço —, e à entrada das viaturas está assinalada a respectiva lotação. Os lugares mais próximos do motorista também não podem ser utilizados pelos clientes e estão devidamente assinalados, diz a STCP em resposta ao PÚBLICO. 

Em ambas as transportadoras está prevista a venda de bilhetes a bordo, que podem ser adquiridos, se o cliente pagar o valor certo (não há trocos). O PÚBLICO questionou ainda a Rodoviária de Lisboa e a Vimeca sobre se estão preparadas para seguir a recomendação, mas ainda aguarda respostas. 

Para a Área Metropolitana de Lisboa (AML), que tem competências da área dos transportes na Grande Lisboa, as orientações agora publicadas pela DGS “não vão todas na mesma direcção e são um conjunto de medidas que se complementam”. Para o primeiro secretário, Carlos Humberto Carvalho, o que a recomendação diz é que é “preciso resguardar o motorista nos veículos onde não exista separação física”.

“Nós demos indicação a todos os operadores para que fossem tomadas medidas para defender os trabalhadores dos veículos de transporte, em particular os motoristas do sector rodoviário”, que, faz notar o responsável, podem passar pela separação física do motorista ou pela interdição de permanecer nos primeiros bancos. Essas recomendações, diz Carlos Humberto Carvalho, “vão sendo cumpridas no fundamental, de forma gradual”. 

Para a AML, a separação física que permite resguardar o motorista é a solução mais eficaz. Até porque a entrada pelas portas traseiras cria “contradições” com outras medidas em vigor como é a validação. “Ora, a validação está à frente. Se as pessoas entram por trás, é pior a emenda que o soneto. Entrar por trás, ir à frente validar o passe e depois voltar para o lugar... ainda por cima cria um problema que é a entrada e saída pelo mesmo sítio.” 

Desde terça-feira, a AML tem em curso uma campanha de apelo ao uso do transporte público. Chama-se “Seguramente, vá de transportes” e reforça a comunicação das medidas de segurança que estão a ser tomadas: utilização de máscara, limites de lotação dos veículos, compra antecipada de títulos, limpeza, higienização e arejamento dos veículos. 

Com a pandemia, as empresas que operam na AML perderam uma grande fatia dos passageiros habituais — uma perda que é difícil de calcular, uma vez que durante o período de estado de emergência não foi feita validação de passes e bilhetes, o que levou muitos utilizadores a não comprarem título de transporte. 

Segundo a mais recente informação da AML, até ao dia 5 de Maio tinham sido vendidos quase 157 mil passes Navegante, cerca de um quinto (20,5%) do número de pessoas que, no início do ano, andavam de transportes públicos. Em Abril, as vendas situaram-se nos 9%, comparando com os mesmos meses.