Na Cidade do México os mortos por covid-19 podem ser o triplo dos números do Governo
Números oficiais do Governo federal têm sido postos em causa. Mais de 4500 pessoas poderão ter morrido entre nos últimos dois meses na Cidade do México.
O número real de mortes causadas pela covid-19 no México pode ser muito superior aos dados revelados pelas autoridades mexicanas. Quem o diz é a Mexicanos contra a Corrupção e a Impunidade (MCCI, na sigla em língua espanhola), uma associação sem fins lucrativos, que questiona, particularmente, os dados relativos à Cidade do México.
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O número real de mortes causadas pela covid-19 no México pode ser muito superior aos dados revelados pelas autoridades mexicanas. Quem o diz é a Mexicanos contra a Corrupção e a Impunidade (MCCI, na sigla em língua espanhola), uma associação sem fins lucrativos, que questiona, particularmente, os dados relativos à Cidade do México.
De acordo com o estudo publicado esta terça-feira, pelo menos 4577 pessoas terão morrido entre 17 de Março e 12 de Maio na capital mexicana, possivelmente devido à covid-19. A MCCI contabilizou 3209 certidões de óbito que referiam o novo coronavírus como causa provável de morte, 1100 que mencionavam o vírus mas não especificavam se os casos estavam ou não confirmados, e apenas 323 certidões que identificavam a covid-19 como causa de morte. Oficialmente, segundo os dados da Associated Press, o Governo federal apenas dá conta de 1332 mortes na Cidade do México desde o início da pandemia.
Esta não é a primeira vez que a veracidade dos números das autoridades mexicanas é posta em causa. A 8 de Maio, o The New York Times publicou uma reportagem em que afirmava que o número real de mortos na capital mexicana poderia ser três vezes superior ao revelado pelas autoridades, denunciando que “o Governo mexicano não está a reportar centenas, possivelmente milhares, de mortes por coronavírus na Cidade do México”.
Na altura, o executivo de Andrés Manuel López Obrador não comentou as acusações, o que começou a gerar críticas de vários governadores, que questionaram os números e métodos de contabilização do Governo federal.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, uma entidade de referência, haverá 51.633 casos confirmados de covid-19 no México e 5332 mortes registadas. O número de recuperados no país é de 35.388.
O subsecretário do Ministério da Saúde mexicano, Hugo López-Gatell, que tem sido o rosto do combate à pandemia, e acabou por admitir que o número de mortos por covid-19 será maior do que a contabilidade oficial. “Temos pessoas que, infelizmente, perderam a vida e que tiveram condições clínicas sugestivas de covid-19, mas que não foram registadas como vítimas de covid-19, porque a doença não fori comprovada em laboratório”, afirmou López-Gatell.
Também a chefe do governo local da Cidade do México admitiu a possibilidade de os números reais serem superiores aos que são conhecidos. Nesse sentido, foi criada uma comissão científica, liderada por epidemiologistas, para rever as mortes suspeitas que podem estar associadas à covid-19. “Há mais mortes do que as que o Governo mexicano informa diariamente. Estabelecer se se devem ao vírus ou a outras razões cabe a um comité científico”, disse Claudia Sheinbaum, citada pelo El País.
A quantidade de testes feita pelo México é das mais reduzidas na América Latina, diz o Guardian. Ronda o,4 testes por cada 1000 habitantes.
Entretanto, no meio destas incertezas, o Governo mexicano revelou um plano de recuperação económica, com a reabertura gradual de vários sectores. O Governo de Obrador preparou um programa piloto para mais de 300 municípios sem casos de infecção. No entanto, muitos governadores mostraram reservas quanto à reabertura do país, temendo que um aliviar prematuro das medidas de confinamento possa fazer disparar o número de casos de covid-19.
O México tem estado sob forte pressão dos Estados Unidos para reabrir a sua economia, sobretudo nas fábricas de automóveis, porque se não funcionam, também não conseguem reabrir outras fábricas nos EUA e no Canadá.