A presença negra em Portugal tem sido historicamente subestimada, ainda que remonte ao século XV em decorrência do sistema colonial esclavagista e, já no século XX, como resultado dos movimentos imigratórios das antigas colónias africanas. Como desdobramento desse apagamento histórico, contemporaneamente, os sujeitos negros nascidos em território português ou que se deslocaram para o país há mais de 40 anos encontram ainda inúmeros impedimentos para serem reconhecidos como cidadãos portugueses. Entre outros aspectos que contribuem para a manutenção de quadro de exclusões e silenciamentos, é preciso mencionar a lei da nacionalidade em vigor. Além dela, cabe sublinhar a persistente recusa do poder público em aferir a dimensão da população negra em Portugal. O mais recente movimento nesse sentido foi a decisão do Instituto Nacional de Estatística em não incluir no Censos de 2021 questões sobre pertença étnico-racial da população, perpetuando-se as conhecidas limitações dos dados oficiais.
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A presença negra em Portugal tem sido historicamente subestimada, ainda que remonte ao século XV em decorrência do sistema colonial esclavagista e, já no século XX, como resultado dos movimentos imigratórios das antigas colónias africanas. Como desdobramento desse apagamento histórico, contemporaneamente, os sujeitos negros nascidos em território português ou que se deslocaram para o país há mais de 40 anos encontram ainda inúmeros impedimentos para serem reconhecidos como cidadãos portugueses. Entre outros aspectos que contribuem para a manutenção de quadro de exclusões e silenciamentos, é preciso mencionar a lei da nacionalidade em vigor. Além dela, cabe sublinhar a persistente recusa do poder público em aferir a dimensão da população negra em Portugal. O mais recente movimento nesse sentido foi a decisão do Instituto Nacional de Estatística em não incluir no Censos de 2021 questões sobre pertença étnico-racial da população, perpetuando-se as conhecidas limitações dos dados oficiais.