Covid-19 – Uma lição de vida
As comunidades académicas assumem a missão de preconizar as ideias constantes na Agenda 2030 como saída desta e de crises vindouras. Temos uma década para ganhar o futuro e não nos podemos poupar a esforços para sermos donos do nosso destino: este é o momento!
A situação em que atualmente nos encontramos encaixa na perfeição no nosso modus vivendi. O planeta enfrenta atualmente três calamidades: as alterações climáticas; a pandemia da covid-19; e as lideranças das maiores potências mundiais.
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A situação em que atualmente nos encontramos encaixa na perfeição no nosso modus vivendi. O planeta enfrenta atualmente três calamidades: as alterações climáticas; a pandemia da covid-19; e as lideranças das maiores potências mundiais.
A forma irresponsável com que se olha para as alterações climáticas é exatamente a forma pouco estimulante como se tem olhado para a pandemia da covid-19, tendo como base declarações delirantes dos mais variados líderes dos países desenvolvidos.
A diferença entre as alterações climáticas e a covid-19 é o tempo durante o qual as lideranças conseguem varrer para debaixo do tapete o assunto – ou, em alternativa, o tamanho do próprio tapete que cada um possui. No caso das alterações climáticas o problema é muito mais grave. Todo o processo é mais longo, demorando anos até a opinião pública perceber que se andou a protelar e que, a seu tempo, os nossos descendentes terão muitas décadas de sofrimento pela frente. No caso da covid-19, o problema é menos crítico porque estamos a falar de uma crise que, por comparação, será de curta duração, embora já todos tenhamos percebido a forma pouco responsável como o assunto continua a ser tratado. Na verdade, esta pandemia da covid-19 apenas deve funcionar como uma espécie de “sensor” daquilo que está para vir.
Há apenas cinco anos, líderes mundiais de 193 países aprovaram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável incluídos na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de transformar o mundo. Afirmando-se enquanto roteiro para o fim da pobreza, garante da paz mundial ou cura do nosso planeta, teve de facto o enorme benefício de influenciar mentalidades e alertar para o esforço conjunto que deveríamos empreender, não se circunscrevendo apenas ao propósito da ação climática.
A pandemia da covid-19 é sobretudo uma lição de vida e por isso mesmo acredito na premência do reforço da Agenda 2030 e nos objetivos nela constantes. Como provou o vírus, urge mais do que nunca acabar com a fome, assegurar vidas saudáveis, terminar com a pobreza nas suas múltiplas formas, favorecer a paz, implementar uma educação inclusiva, possibilitar empregos de qualidade e impulsionar a inovação. Para a humanidade prosperar, estes deveriam ser os ingredientes para uma retoma bem-sucedida.
A ciência e o ensino superior português têm estado na linha da frente no combate à covid-19, reorientado a sua investigação, testando a população, procurando respostas para enfrentar esta calamidade e produzindo equipamentos de segurança comunitária. E a mesma ciência e ensino superior serão fundamentais na liderança da sociedade para um novo paradigma societal, baseado precisamente na Agenda 2030, onde o modo de vida que apenas há três meses dávamos como adquirido pura e simplesmente não voltará a existir.
As universidades portuguesas já abraçaram esse desafio, sinalizando a relevância dessa mudança, como provam os resultados recentemente conhecidos do The University Impact Rankings que avalia o desempenho e o comprometimento na prossecução da Agenda 2030 das Nações Unidas.
Portugal ficou muito bem posicionado, contando com uma forte participação das suas instituições universitárias, demonstrando de forma clara e inequívoca a sua competência e compromisso para com a sociedade num momento particularmente duro para os portugueses, revelando ser porventura uma das principais chaves do sucesso da estratégia seguida pelo país durante a pandemia e apontando claramente o caminho para a saída desta calamidade.
A Universidade de Coimbra, tendo sido a única instituição portuguesa no top 100 mundial (62.º lugar), com um especial destaque na área da saúde (17.º lugar), na luta contra a pobreza (38.º lugar) e na capacidade de inovação (41.º lugar), tem responsabilidades acrescidas e não terá sido por acaso que foi uma das universidades que rapidamente se adaptou e contribuiu para atravessarmos um estado de emergência com melhores soluções, flexibilizando-se e reformatando-se.
As comunidades académicas assumem a missão de preconizar as ideias constantes na Agenda 2030 como saída desta e de crises vindouras. Temos uma década para ganhar o futuro e não nos podemos poupar a esforços para sermos donos do nosso destino: este é o momento!
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico