Novas formas de viajar: a tecnologia ao serviço da segurança sanitária e do distanciamento social
Uma vez abertas as fronteiras e levantadas as restrições de viagens, a tecnologia vai estar na vanguarda da resposta. Mas como será?
Realidade virtual, inteligência artificial e big data (o grande volume de dados, estruturados ou não, que permitem determinar as preferências dos consumidores e que as empresas usam para tomar decisões estratégicas): a OMT acredita que por aqui passa a resposta do sector do turismo à covid-19 e por isso abriu um concurso de ideias direccionado para start-ups, empresários e tecnologias já existentes que ajudem a aplicar soluções, dirigidas a viajantes, empresas e autoridades, que atenuem os impactos da pandemia no turismo.
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Realidade virtual, inteligência artificial e big data (o grande volume de dados, estruturados ou não, que permitem determinar as preferências dos consumidores e que as empresas usam para tomar decisões estratégicas): a OMT acredita que por aqui passa a resposta do sector do turismo à covid-19 e por isso abriu um concurso de ideias direccionado para start-ups, empresários e tecnologias já existentes que ajudem a aplicar soluções, dirigidas a viajantes, empresas e autoridades, que atenuem os impactos da pandemia no turismo.
As melhores soluções da iniciativa “Healing Solutions – Tourism Challenge” serão divulgadas num folheto digital, com sugestões aos governos sobre os melhores serviços (e prestadores) para a recuperação do turismo. Os seminaristas já são conhecidos e incluem, por exemplo, um portal de desinfecção, uma aplicação para hotéis que permitem aos hóspedes entrar e sair sem ter qualquer contacto no local, outra que fornece acesso a médicos online em qualquer parte do mundo e mantém todo o nosso histórico de saúde e medicação actualizado e disponível em qualquer altura, outra ainda que permite contabilizar em tempo real o número de pessoas dentro de um determinado espaço comercial e agir em conformidade. Não parece ser coincidência: o ponto em comum é a segurança sanitária e higiénica; o objectivo restabelecer a confiança dos consumidores.
Esse será um dos grandes desafios da indústria turística, uma vez abertas as fronteiras e levantadas as restrições de viagens – e a tecnologia vai estar na vanguarda da resposta. Desde logo nas viagens aéreas – e logo transferível para hotéis e, especialmente, navios-cruzeiro. Se o 11 de Setembro implicou medidas de segurança que fizeram aumentar o tempo nos aeroportos, a pandemia irá, provavelmente, agilizar todos os processos através de uma experiência mais fluida - que vai, na opinião de Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, contagiar toda a experiência do viajante, aliás.
O uso da identidade digital (os passaportes electrónicos, por exemplo) e as tecnologias biométricas (já implementadas em vários aeroportos) vão ganhar preponderância, evitando a troca de documentos de viagem e o toque em superfícies nos diferentes pontos de controlo dos aeroportos – do check-in aos controlos de segurança (que poderão incluir scanners para medição de temperatura), à passagem de fronteiras e entrada dos aviões. A tendência será a generalização da automatização de tudo, com o reconhecimento facial e da íris a tornarem-se regra e a introdução de métodos de, por exemplo, impressão digital sem contacto - sem contacto será uma das tendências da nova tecnologia.
Uma das possibilidade que mais discussão tem levantado é a possível introdução de uma espécie de “passaporte de saúde digital”. Neste contexto, o viajante deveria ter uma identidade digital que incluísse as suas “credenciais sanitárias” e teria de ser um esforço coordenado entre várias entidades. Contudo, o desenvolvimento de protocolos e de procedimentos-padrão nesta área com recurso a tecnologia digital ainda é incipiente.
Se “a tecnologia é fulcral” no futuro do turismo, como avalia Luís Araújo, ela não vai ficar apenas nos aeroportos. Nem nas experiências de realidade virtual e aumentada em que tantas vezes se pensa quando se fala na óptica do consumidor (e que “ajudam a multiplicar várias vezes a experiência de estarmos num local”, aponta Luís Araújo, “conseguindo ver mais do que está diante de nós, tendo acesso a mais informação em relação ao lugar onde estamos ou ao que podemos fazer perto”). A tal experiência fluida do turista tem merecido muita atenção por parte do NEST, Centro de Inovação do Turismo (que entre os associados fundadores tem, por exemplo, o Turismo de Portugal, a ANA Aeroportos, a Google ou a Microsoft), diz Luís Araújo, e abrange desde o atravessar a fronteira até à entrada no quarto, passando pelos pagamentos e, nota, a tecnologia pode ajudar muito.
“Sabermos que podemos fazer o check-in num hotel sem passar pela recepção, sabermos quantas pessoas estão num determinado local, sabermos que podemos fazer pagamentos com o nosso telemóvel e não digitar códigos em máquinas onde milhares de pessoas tocam é algo positivo”, refere, “e é a resposta que nos vai ajudar a ganhar mais confiança ainda”. É a capacidade de fornecer aos turistas a informação e possibilidade de, através dos seus meios digitais, fazerem as suas próprias escolhas - e de controlarem melhor o seu espaço social, em tempos de distanciamento social.