O mundo de mãos dadas
E agora, em casa, ainda mais desmotivador é estarmos sentados em frente a uma secretária na tentativa de tirarmos o máximo proveito do trabalho que os professores têm para nos manterem cativados.
A pandemia da covid-19 está a mudar a forma de ensino, mas continua a ser uma incógnita todos os dias de como será o dia de amanhã. Alguns alunos sentem-se motivados com a oportunidade de usar novas tecnologias, que agora se tornaram quase indispensáveis para o ensino. Por outro lado, alguns alunos carenciados não possuem estes meios. Esta desigualdade social cria desmotivação.
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A pandemia da covid-19 está a mudar a forma de ensino, mas continua a ser uma incógnita todos os dias de como será o dia de amanhã. Alguns alunos sentem-se motivados com a oportunidade de usar novas tecnologias, que agora se tornaram quase indispensáveis para o ensino. Por outro lado, alguns alunos carenciados não possuem estes meios. Esta desigualdade social cria desmotivação.
Outros aspectos que levam à desmotivação dos alunos ou até dos professores é a mudança da rotina, a falta de contacto com os outros. Começamos a sentir que não estamos a ter o melhor aproveitamento pessoal, o rendimento nas actividades a que nos propomos é insuficiente e temos sempre o pensamento constante do que, neste momento, tudo é tão incerto.
Antes de surgir a pandemia, quando comparado com muitos países da Europa, Portugal tinha um elevado número de aulas diárias e semanais. Aulas com duração de hora e meia a duas, sem intervalo, no ensino básico e secundário. Este aspecto tanto é desgastante para os professores como para os alunos, que não prestam atenção suficiente a toda a matéria leccionada porque o cérebro humano não capta toda a informação. E agora, em casa, ainda mais desmotivador é estarmos sentados em frente a uma secretária na tentativa de tirarmos o máximo proveito do trabalho que os professores têm para nos manterem cativados.
Não é fácil resolver a falta de motivação, reduzir o número de aulas ou da carga horária. Mas penso que todos contribuem da melhor maneira para que a nossa vida não pare devido a toda esta nova e difícil fase.
Conversei com um professor numa aula sobre as pessoas que estão em casa sem trabalhar e que gostariam de desempenhar funções de forma voluntária. Uma dessas áreas é a psicologia que, neste momento, pode ajudar-nos a criar alternativas. Por exemplo, será que não seria possível integrar nos horários de aulas uma sessão com os psicólogos representativos das escolas ou aqueles que queiram participar de forma voluntária com o intuito de esclarecer dúvidas, dar algum apoio psicológico, falar sobre temas como a ansiedade, o stress, a desmotivação e dar soluções?
Muitas vezes, olhamos para as dores físicas que podemos tratar num hospital ou centro de saúde, mas esquecemo-nos que as doenças psicológicas não são sempre visíveis. Há milhões de pessoas que sofrem de depressão, stress, ansiedade, entre outras. Como estarão essas pessoas a lidar com a sua doença em casa? Como se sentirão? Será que tem sido ainda mais complicado agora que não temos a liberdade de sair de casa e não nos sentimos seguros?
O exercício físico, não só ajuda a manter o corpo saudável, como também reduz o stress e a ansiedade. O incentivo à prática não resolve, mas pode amenizar a “dor” destas pessoas no seu quotidiano. São batalhas que temos de superar em conjunto, dando o nosso contributo da melhor maneira possível. Espero que com esta nova realidade o mundo dê mais vezes as mãos, que haja mais conforto nos sorrisos, mais partilha e mais gestos solidários porque só assim criamos um amanhã melhor.