Receitas dos alojamentos turísticos caíram 149 milhões em Março
Região de Lisboa foi a mais afectada pelo recuo do turismo provocado pelo novo coronavírus. Número de hóspedes teve uma queda de 62%, chegando aos 698 mil turistas, de acordo com o INE.
Depois de um longo ciclo de crescimentos, uma queda abrupta: só em Março, os proveitos totais arrecadados pelos estabelecimentos turísticos em Portugal caíram 60,2% em termos homólogos, para 98,9 milhões de euros. Ou seja, houve uma diminuição de 149,5 milhões de euros em receitas, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira de manhã pelo INE.
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Depois de um longo ciclo de crescimentos, uma queda abrupta: só em Março, os proveitos totais arrecadados pelos estabelecimentos turísticos em Portugal caíram 60,2% em termos homólogos, para 98,9 milhões de euros. Ou seja, houve uma diminuição de 149,5 milhões de euros em receitas, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira de manhã pelo INE.
A região mais atingida foi a da Área Metropolitana de Lisboa, com uma queda de 65,3%, equivalente a 63 milhões de euros, seguindo-se depois o Norte (incluindo aqui a região do Porto), com -64,6%, equivalente a 24,6 milhões em receitas. O rendimento médio por quarto disponível (conhecido por RevPAR) caiu 57,4% para 14,4 euros.
O INE já tinha avançado dados preliminares no dia 30 de Abril, mas sem valores de proveitos. Além disso, os dados de Março hoje divulgados são ainda piores do que os preliminares, com quedas mais expressivas de turistas e de dormidas. As primeiras variações eram de -49,4%, para 701 mil hóspedes, e de -58,5% nas dormidas, para 1,9 milhões, mas os números foram agora revistos em baixa para -62,3%, para 697,7 mil hóspedes, e -58,7%, para 1,9 milhões de dormidas. Até aqui, o crescimento andava nos dois dígitos.
A queda das dormidas dos não residentes foi ligeiramente maior, com um recuo de 59,2%, tendo as dormidas dos residentes descido 57,6% em termos homólogos. O INE destaca, no entanto, que além da pandemia da covid-19 há também que ter em conta um efeito sazonal, já que este ano o Carnaval ocorreu em Fevereiro, quando no ano passado tinha ocorrido em Março.
Os valores agora conhecidos foram tão expressivos que anularam os ganhos dos dois meses anteriores, colocando o primeiro trimestre em terreno negativo (-19,7% em proveitos e -17,6% em hóspedes).
Cancelamento de reservas chega até Agosto
Por mercados emissores, e tal como já tinha indicado no final de Abril, os que tiveram descidas mais acentuadas foram os que sofreram mais impactos até à data em questão. Assim, o mercado chinês diminuiu 78,8% em Março, seguindo-se o italiano (-76,5%) e o mercado norte-americano (-67,5%, com o fecho de fronteiras decretado por Trump a 12 de Março).
Já o mercado espanhol (que tem um peso 7,7% do total das dormidas de não residentes em Março) “registou um decréscimo de 67,3% em Março e de 12,7% desde o início do ano”, diz o INE, e o britânico (19,1% do total) caiu 55,2% (-21,5% no trimestre).
O INE actualizou também os dados de um questionário sobre as perspectivas para a actividade turística até Agosto, tendo 78,9% dos estabelecimentos que responderam (e que representam 90,9% da capacidade da oferta desse universo) afirmado que registou o cancelamento de reservas por causa da covid-19.
Destacando que o cancelamento da totalidade das reservas teve uma grande expressão em Abril (mês das férias da Páscoa), o INE adianta que “o mercado nacional foi mencionado como um dos três mercados com maior número de cancelamentos por 66,5% dos estabelecimentos”, seguindo-se o espanhol, com 59%. Os meses de Julho e de Agosto apresentam-se, para já, como menos negativos, com as taxas de resposta de “sem cancelamentos” a superar os 33%, mas sem conseguir passar os 50%, mesmo em Agosto.