O pangolim não terá sido o hospedeiro intermediário do SARS-CoV-2
Cientistas analisaram todo o genoma de um coronavírus identificado em dois grupos de pangolins-malaios.
A questão ainda não está totalmente fechada: pensa-se que o hospedeiro inicial do coronavírus SARS-CoV-2 foram os morcegos, mas terá sido mesmo assim? Há provas de que existe uma ligação entre este vírus e outros coronavírus encontrados nos morcegos e alguns cientistas avançaram que o intermediário poderia ter sido um pangolim. Contudo, num estudo publicado na revista PLOS Pathogens, uma equipa de investigadores sugere que o novo coronavírus não terá surgido a partir dos pangolins.
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A questão ainda não está totalmente fechada: pensa-se que o hospedeiro inicial do coronavírus SARS-CoV-2 foram os morcegos, mas terá sido mesmo assim? Há provas de que existe uma ligação entre este vírus e outros coronavírus encontrados nos morcegos e alguns cientistas avançaram que o intermediário poderia ter sido um pangolim. Contudo, num estudo publicado na revista PLOS Pathogens, uma equipa de investigadores sugere que o novo coronavírus não terá surgido a partir dos pangolins.
Em Fevereiro, cientistas da China anunciavam que o pangolim era um potencial hospedeiro intermediário do SARS-CoV-2. O cenário que construíram era o seguinte: a viagem do coronavírus teria começado no morcego, passado para o pangolim e chegado assim aos humanos. Os cientistas avançaram esta hipótese porque se tinha encontrado uma estirpe de um vírus no pangolim que terá 99% de semelhanças genéticas com o novo coronavírus.
Outros estudos também chegaram à conclusão de que os pangolins eram portadores de coronavírus estreitamente relacionados com o SARS-CoV-2, mas não conseguiram saber se eram responsáveis directos pela transmissão do vírus aos humanos.
Agora, uma outra equipa de cientistas da China e dos Estados Unidos voltou a investigar se os pangolins poderiam mesmo ser os hospedeiros intermediários do coronavírus. Para isso, estudou-se todo o genoma de um coronavírus (de um outro tipo) identificado em pangolins-malaios.
Os resultados mostram que este coronavírus está geneticamente relacionado com o SARS-CoV-2 e com um grupo de coronavírus encontrado em morcegos. Contudo, com mais investigação, a equipa liderada por cientistas da Academia de Ciências da Guangdong (na China) veio a concluir que o SARS-CoV-2 não surgiu directamente dos pangolins. “Os pangolins poderão ser hospedeiros naturais de betacoronavírus [subfamília a que pertence o SARS-CoV-2] com potencial para infectar humanos. Porém, o nosso estudo não apoia [a hipótese] de que o SARS-CoV-2 evoluiu directamente a partir de um coronavírus de um pangolim”, referem os cientistas em comunicado.
Mesmo assim, embora este estudo não apoie a ideia de que os pangolins tenham sido hospedeiros responsáveis pela origem do novo coronavírus, avisa-se que é possível que outros coronavírus continuem a circular nestes animais e que a conservação da vida selvagem poderá ser determinante para evitar que outros coronavírus passem dos animais selvagens para os humanos.