Mário Ferreira fica com 30% da Media Capital por 10,5 milhões
O empresário de turismo fechou a compra de quase um terço do grupo que detém a TVI num negócio que avalia a Media Capital em 130 milhões de euros.
A Pluris, detida por Mário Ferreira, concluiu a aquisição de 30,22% da Media Capital por 10,5 milhões de euros, um montante que avalia o grupo que controla a TVI em 130 milhões de euros.
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A Pluris, detida por Mário Ferreira, concluiu a aquisição de 30,22% da Media Capital por 10,5 milhões de euros, um montante que avalia o grupo que controla a TVI em 130 milhões de euros.
O negócio foi confirmado ao mercado pela Prisa num comunicado em que revela que o valor implícito na operação “supera as mais recentes estimativas de mercado feitas por analistas, tendo em conta no impacto potencial da covid-19 nos activos de media”.
Por outro lado, o grupo espanhol refere que “a transacção irá resultar numa perda contabilística nas contas individuais e consolidadas da Prisa de 29 milhões de euros”, um efeito do desconto que terá de fazer à valorização que a Media Capital tinha nas suas contas antes deste negócio.
“A operação é parte da estratégia de desinvestimento iniciada pela Prisa” que irá prosseguir na sequência desta venda, explica o mesmo comunicado, acrescentando que ficou acordado, entre as partes, “procurar, de forma coordenada”, por novos potenciais investidores que possam facilitar o desinvestimento adicional da Prisa na Media Capital”.
Com este objectivo definido, “as partes acordaram determinadas condições para a transferência das suas acções, que serão comunicadas no futuro à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)”.
A Prisa reitera que “considera a Pluris um investidor adequado para a Media Capital, considerando o seu compromisso em promover um projecto de futuro que fortaleça a posição da Media Capital no mercado, bem como a sua competitividade e eficiência, fornecendo apoio financeiro, se necessário, e apoiando a equipa de gestão com a sua experiência”.
Este negócio culmina um trajecto de aproximação do empresário nortenho à TVI que começou por acompanhar a Cofina na sua tentativa falhada de aquisição da Media Capital, num negócio que arrancou em 255 milhões de euros, desceu para 205 milhões e acabou por fracassar com a desistência de Paulo Fernandes a um dia de assegurar a concretização de um aumento de capital de 85 milhões de euros. O empresário dono do Correio da Manhã abriu, depois, uma batalha jurídica com a Prisa, que reclama, entre outras questões, uma caução de 10 milhões pelo falhanço do negócio, que a Cofina recusa pagar.
Uma verba de 10 milhões é o que Mário Ferreira vai agora investir numa participação de 30% da Media Capital, cerca de metade do que estaria disposto a pagar (20 milhões de euros) para ficar com 15% da Cofina no aumento de capital lançado – e falhado – para comprar a dona da TVI, as rádios Comercial, Smooth, m80, Cidade, os sites iol, Maisfutebol, Planeo, Selfie, e ainda a sociedade de produção de conteúdos audiovisual (Plural).
A Prisa entrou na Media Capital em 2005, investindo 750 milhões de euros, uma operação que resultou de um entendimento apadrinhado pelos dois primeiros-ministros de Portugal, José Sócrates, e de Espanha, Jose Luis Zapatero. Na altura, Pais do Amaral e o seu sócio Nicolas Berggruen, que actuaram do lado vendedor, encaixaram 303 milhões de euros. Em 2018, e depois de várias tentativas falhadas por parte da antiga PT (com o apoio de Jose Sócrates) para controlar o grupo TVI, a Altice voltou à carga oferecendo 440 milhões de euros, há precisamente três anos. Mas a proposta caiu por terra perante os obstáculos regulatórios, um ano depois.
Agora, Mário Ferreira entra na Media Capital com uma posição minoritária e num contexto em que continua em aberto a participação de outros investidores, como a Prisa tem feito questão de sublinhar em todas as comunicações que tem feito acerca do negócio. Como o PÚBLICO noticiou, a empresa de media suscitou o interesse de um grupo de empresários liderado pelo presidente do Grupo Bel, Marco Galinha e que contava também com a participação de Gustavo Guimarães, que representa o grupo Apollo, do Prozis Group e da Nova Expressão. Mas esta iniciativa, apesar dos contactos desenvolvidos junto da Prisa, não teve, por enquanto, mais desenvolvimentos. com Cristina Ferreira