Marcelo: “O sr. primeiro-ministro esteve muito bem” no Novo Banco

O Presidente da República tirou o tapete ao ministro das Finanças e colou-se ao lado do chefe do Governo. Para Marcelo, injecção no Novo Banco só devia ter decorrido depois de conhecida a auditoria.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

“O senhor primeiro-ministro esteve muito bem no Parlamento, quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão da auditoria”, defendeu hoje o Presidente da República, num claro sinal de apoio a António Costa, tirando o tapete ao ministro das Finanças, que ainda esta manhã defendeu na Assembleia da República que a injecção de capital no Novo Banco “não foi feita à revelia de ninguém”

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“O senhor primeiro-ministro esteve muito bem no Parlamento, quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão da auditoria”, defendeu hoje o Presidente da República, num claro sinal de apoio a António Costa, tirando o tapete ao ministro das Finanças, que ainda esta manhã defendeu na Assembleia da República que a injecção de capital no Novo Banco “não foi feita à revelia de ninguém”

Marcelo Rebelo de Sousa falava ao lado do chefe do Governo depois de ambos terem feito uma visita à Autoeuropa e após António Costa se ter mostrado muito optimista em relação à recandidatura do actual Presidente

Perante os jornalistas, o chefe de Estado sublinhou que o primeiro-ministro esteve bem quando defendeu no Parlamento que a injecção de capital no Novo Banco estava condicionada aos resultados da auditoria, quando a transferência de 850 milhões de euros para a instituição tinha sido feita no dia anterior. 

Nesta quarta-feira, confrontado com esta polémica que levou o líder do executivo a pedir desculpa ao Bloco de Esquerda — por ter garantido aquela condicionalidade quando a transferência já tinha sido realizada —, o Presidente da República tirou o tapete ao ministro Mário Centeno.

“Sobre isso só tenho duas coisas a dizer. A primeira é que o Estado português cumpre o que tem de cumprir. Assumiu um compromisso, tinha de cumprir um compromisso. A segunda é que, havendo e bem uma auditoria cobrindo o período até 2018 — auditoria que eu tinha pedido há um ano —, faz todo o sentido o que disse o senhor primeiro-ministro no Parlamento. É que é politicamente diferente o Estado assumir responsabilidades dias antes de se conhecer as conclusões de uma auditoria, ou a auditora ser concluída dias antes de o Estado assumir responsabilidade.” 

Marcelo Rebelo de Sousa concretizou: “Estava anunciado para Maio o processo conclusivo da auditoria cobrindo 2000 a 2018. O senhor primeiro-ministro esteve muito bem no Parlamento quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão da auditoria.” 

Questionado sobre se isso significaria que o ministro das Finanças esteve muito mal — por oposição ao “muito bem” com que caracterizou o primeiro-ministro —, o chefe de Estado respondeu: “Não. Significa aquilo que eu disse. Há uma auditoria, que tinha sido anunciado que estaria concluída em Maio deste ano, respeitante a 2000 a 2018. Para os portugueses, não é indiferente cumprir compromissos com o conhecimento exacto do que se passou num determinado processo ou cumprir compromissos e mais tarde vir a saber como é que foi esse processo até 2018. É politicamente diferente uma coisa e outra.”

O Fundo de Resolução injectou 1035 milhões de euros no Novo Banco, 850 milhões dos quais através de um empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução. A chamada de capital foi comunicada no início de Abril