Mortes no Lar do Comércio sobem para 22. Utentes vão ser deslocados temporariamente
Numa semana registaram-se mais 10 mortos por covid-19 na instituição. Há actualmente 10 pessoas infectadas. Quase 60 utentes serão transferidos para três instituições diferentes por não existirem recursos humanos necessários.
O número de mortos por covid-19 no Lar do Comércio, em Matosinhos, já ultrapassou as duas dezenas. Entre avanços e recuos por parte da direcção, por não existirem os “recursos humanos necessários” para garantir os cuidados básicos aos utentes, a Comissão Municipal de Protecção Civil de Matosinhos (CMPCM), composta pela Protecção Civil, Unidade de Saúde Pública e pela Segurança Social, decidiu mobilizar temporariamente, já a partir desta quinta-feira, 59 dos residentes para outras instituições. Os que não saírem serão acomodados em dois pisos do edifício equipado com mais de 300 quartos ou transferidos para as 78 camas disponibilizadas pela Câmara Municipal de Matosinhos (CMM) nas instalações do infantário da instituição.
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O número de mortos por covid-19 no Lar do Comércio, em Matosinhos, já ultrapassou as duas dezenas. Entre avanços e recuos por parte da direcção, por não existirem os “recursos humanos necessários” para garantir os cuidados básicos aos utentes, a Comissão Municipal de Protecção Civil de Matosinhos (CMPCM), composta pela Protecção Civil, Unidade de Saúde Pública e pela Segurança Social, decidiu mobilizar temporariamente, já a partir desta quinta-feira, 59 dos residentes para outras instituições. Os que não saírem serão acomodados em dois pisos do edifício equipado com mais de 300 quartos ou transferidos para as 78 camas disponibilizadas pela Câmara Municipal de Matosinhos (CMM) nas instalações do infantário da instituição.
Numa primeira fase, 48 utentes dependentes que não estão infectados serão transferidos para o Centro de Neurointervenção da Cruz Vermelha, em Vila Nova de Gaia, e para o Hospital Militar do Porto, por um prazo máximo de 8 dias, adianta a autarquia via comunicado, reiterado pela instituição. Os 10 utentes que testaram covid positivo serão transferidos para o Centro de Apoio Comunitário de Matosinhos, onde permanecerão até à sua recuperação total. Para o infantário serão deslocados 70 residentes autónomos que testaram negativo. Os restantes ocuparão, até à desinfecção do espaço, os pisos 0 e 1, onde estão actualmente os utentes infectados. A mudança será feita após desinfecção destas áreas, a ser realizada pela Protecção Civil em articulação com o Exército Português.
Só cerca de metade dos quartos do lar estão agora ocupados – actualmente vivem ali perto de 150 idosos. Quando a pandemia chegou ao edifício viviam nesta instituição centenária aproximadamente 200 pessoas. O número de residentes foi diminuindo devido às mortes, aos internamentos e ao realojamento de utentes em casa de familiares. Desde o início da pandemia já faleceram 22 pessoas vítimas de covid-19. Porém, o lar adianta, também via comunicado, que o número total ascende aos 27 mortos - 5 dos óbitos registados decorrem de outras causas. Actualmente há 10 pessoas infectadas e três utentes com resultado do teste inconclusivo. Há ainda 18 utentes hospitalizados.
A mobilização será feita com a colaboração da direcção do LdC, que na semana passada chegou a avançar a hipótese de ser feita uma mobilização total temporária para se proceder à desinfecção das instalações e criação de circuitos de áreas limpas e não limpas. Mas, no mesmo dia, após reunião com a CMPCM, acabou por recuar pela dificuldade que entendia ser encontrar alternativas de alojamento para todos os utentes. Nessa altura já tinham morrido 13 dos utentes infectados.
Mas agora a mobilização vai avançar. A operação será coordenada pelo Comando Distrital de Protecção Civil. A CMPCM estipulou o período de oito dias como prazo limite para a sua conclusão. A comissão avisa ser necessário cumprir o que ficou acordado para a fase pós-desinfecção: “O Lar do Comércio tem de garantir a reorganização de serviços e procedimentos e garantir a contratação de recursos humanos adequados a receber e cuidar da totalidade dos seus utentes”, diz o comunicado da autarquia.