O melhor amigo do homem é o seu blusão (de cowboy)

100% Camurça é um muito divertido retrato de uma realidade imparável: a obsessão. Um filme em que o protagonista é um casaco. Disponível a partir de dia 14 nas plataformas VOD dos operadores de cabo e no Filmin.

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Um homem apaixonado pelo seu blusão novo, feito a 100% de camurça como os dos cowboys: eis o simplicíssimo, e nem por isso muito bizarro, ponto de partida do novo filme de Quentin Dupieux. Claro que é um pouco mais bizarro o momento em que o blusão começa a falar com Georges (o protagonista, interpretado por Jean Dujardin), mas nesse ponto já estamos numa progressão lógica do leve absurdo inicial. Felizmente, o desejo manifestado pelo blusão (ser “o único blusão do mundo”) coaduna-se com o desejo de Georges (ser “o único homem de blusão no mundo”). Como, quando comprou o blusão, recebeu de bónus uma câmara digital, e entretanto se pôs a fazer “filmes” e a interpretar o papel de “realizador de cinema” para impressionar a empregada do bar (Adèle Haenel) da estalagem nos Pirinéus franceses onde se foi albergar, tudo conflui: os “filmes” de Georges tornam-se numa mistura de documentário, snuff movie e slasher film, à medida em que se vai livrando dos blusões da vizinhança e dos respectivos donos — e é por aí que o filme começa, no que vimos a saber ser um “filme no filme”, com um grupo de gente a deitar fora os seus blusões e a jurar, em “regard-caméra”, nunca mais usar um blusão na vida.

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Um homem apaixonado pelo seu blusão novo, feito a 100% de camurça como os dos cowboys: eis o simplicíssimo, e nem por isso muito bizarro, ponto de partida do novo filme de Quentin Dupieux. Claro que é um pouco mais bizarro o momento em que o blusão começa a falar com Georges (o protagonista, interpretado por Jean Dujardin), mas nesse ponto já estamos numa progressão lógica do leve absurdo inicial. Felizmente, o desejo manifestado pelo blusão (ser “o único blusão do mundo”) coaduna-se com o desejo de Georges (ser “o único homem de blusão no mundo”). Como, quando comprou o blusão, recebeu de bónus uma câmara digital, e entretanto se pôs a fazer “filmes” e a interpretar o papel de “realizador de cinema” para impressionar a empregada do bar (Adèle Haenel) da estalagem nos Pirinéus franceses onde se foi albergar, tudo conflui: os “filmes” de Georges tornam-se numa mistura de documentário, snuff movie e slasher film, à medida em que se vai livrando dos blusões da vizinhança e dos respectivos donos — e é por aí que o filme começa, no que vimos a saber ser um “filme no filme”, com um grupo de gente a deitar fora os seus blusões e a jurar, em “regard-caméra”, nunca mais usar um blusão na vida.