Covid-19: estudante cria sistema que avalia risco de contágio em locais públicos
Criado por uma equipa coordenada por um aluno do Politécnico da Guarda, o Camlion analisa fluxos de pessoas em locais públicos e devolve as coordenadas onde se verificaram comportamentos de risco, preservando a privacidade. Para já ainda é um protótipo.
E se um sistema informático conseguisse avaliar imagens de segurança de espaços públicos e indicar os locais mais propícios ao contágio de covid-19, preservando a privacidade de todos? É esta a premissa do Camlion (Camera Learning Vision), projecto desenvolvido por Pedro Gomes, estudante do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), em conjunto com a equipa que coordenou, no âmbito da Hackathon Pan-Europeia da Comissão Europeia.
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E se um sistema informático conseguisse avaliar imagens de segurança de espaços públicos e indicar os locais mais propícios ao contágio de covid-19, preservando a privacidade de todos? É esta a premissa do Camlion (Camera Learning Vision), projecto desenvolvido por Pedro Gomes, estudante do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), em conjunto com a equipa que coordenou, no âmbito da Hackathon Pan-Europeia da Comissão Europeia.
Com 22 anos, Pedro é aluno do curso de Cibersegurança (está actualmente a escrever a tese). Ao P3, o jovem conta que já estava “a trabalhar noutro projecto que identificava objectos através de processamento de imagem” e foi desafiado a levá-lo a esta maratona de programação online, que decorreu de 24 a 26 de Abril, para procurar soluções tecnológicas para combater a pandemia do novo coronavírus. Daí, teve de o adaptar para a “detecção do risco de contágio”.
Para isso “foram adicionadas variáveis exteriores, como temperatura, precipitação, humidade e a zona geográfica”, diz Pedro, para além de combinações para “a detecção de comportamentos perigosos”. “Tudo para concluirmos um nível de contágio preciso sobre a área que focamos”, conclui.
Uma “das maiores motivações" foi conseguir preservar a privacidade de todos os que passam em frente às câmaras – “é o elemento diferenciador deste projecto”, ressalva Pedro. Só são usadas câmaras já existentes e não há recolha de dados. “Tudo o que fazemos é identificar coordenadas, que já nos chegam na forma de números, nunca chegamos sequer a ver a imagem do sítio que estamos a analisar”, explica.
O protótipo foi desenvolvido em pouco mais do que um fim-de-semana por uma equipa diversa: a Pedro Gomes juntaram-se Fernando Melo Rodrigues e Filipe Caetano (professores no IPG), Pedro Coelho (aluno no Instituto Superior Técnico), Clarissa Pereira e Dimeji Mudele (especialistas em visão computacional) e Leticia Lucero (investigadora de biologia molecular e celular).
Para o docente Fernando Melo, este sistema pode ser fulcral para responder às “preocupações que todos os gestores de edifícios enfrentam agora, sejam eles públicos ou privados”: como conquistar a “confiança” para frequentar estes espaços? O Camlion, que avalia fluxos e concentrações de pessoas num local, é assim “uma ferramenta que pode ajudar a uma gestão mais eficaz”. “O gestor pode ver onde as pessoas se concentram e reorganizar o espaço de forma a minimizar o risco de contágio”, sublinha. Além disso, também pode indicar, por exemplo, quais os locais que precisam de uma maior intervenção das equipas de limpeza, por terem tido “maior concentração”.
Num futuro próximo, o Camlion pode ainda medir outras variáveis, como a ventilação — “com a climatização, podemos apontar no sentido de perceber o fluxo de ar dos edifícios”, tece o professor. “O vírus dispersa-se no ar, é uma variante que também deve ser usada na gestão de espaços.” Mas, para já, o protótipo está em fase de testes. A equipa procura ainda parceiros, para além do IPG, para conseguirem implementar o sistema “em massa”: “É para isso que foi desenvolvido”, remata Pedro.