Com o santuário fechado, Fátima conta com a GNR para impedir entrada de peregrinos
Cerca de 3500 militares estarão nas estradas, a nível nacional, com o foco em Fátima, mas não exclusivamente dedicados a ela. Mais perto do santuário, a fiscalização intensifica-se.
Desde sábado de manhã que o controlo nos acessos a Fátima está mais apertado, e assim deverá permanecer, podendo, eventualmente, ser reforçado, até que passe o 13 de Maio. A vontade expressa pelo presidente da Comissão Distrital da Protecção Civil de Santarém, Miguel Borges, de que se impedisse a circulação entre concelhos a nível nacional, não chegou sequer a ser transmitida formalmente ao Governo, mas o acesso à cidade vai ser estritamente controlado pelos militares da GNR.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Desde sábado de manhã que o controlo nos acessos a Fátima está mais apertado, e assim deverá permanecer, podendo, eventualmente, ser reforçado, até que passe o 13 de Maio. A vontade expressa pelo presidente da Comissão Distrital da Protecção Civil de Santarém, Miguel Borges, de que se impedisse a circulação entre concelhos a nível nacional, não chegou sequer a ser transmitida formalmente ao Governo, mas o acesso à cidade vai ser estritamente controlado pelos militares da GNR.
A preocupação de que alguns peregrinos tentem chegar às imediações do santuário, apesar do anúncio de que o mesmo estará fechado durante a tarde de 12 de Maio e toda a manhã de 13 de Maio, não abandonou Miguel Borges, que é também presidente da Câmara do Sardoal. “Esperamos que as pessoas tenham consciência de que não podem entrar no santuário e que não terão as estruturas de apoio que têm noutros anos. Mas ainda assim tenho receio que possam vir, e se vierem dez de Lisboa, dois do Porto, mais quatro de Coimbra, rapidamente podemos ter aqui umas duas mil pessoas. E esta movimentação natural é que é preciso travar, tão longe quanto possível. De preferência, tão longe que possa fazer com que as pessoas nem sequer saiam de casa”, diz ao PÚBLICO.
Não irá tão longe assim, mas a GNR está, desde as 9h de sábado precisamente a tentar, a nível nacional e local, alertar os mais distraídos para a impossibilidade de participar nas celebrações habituais do 13 de Maio. A operação “Fátima em casa” estará na rua até quarta-feira. Segundo o director de Operações Vítor Rodrigues explicou à Lusa, isto não significa que Fátima será alvo de um cerco, mas que as pessoas serão impedidas de tentar, sequer, aceder ao santuário e que o dispositivo montado para esse efeito será adaptado “em função do que vier a ser julgado necessário”. “Se formos precisos muitos, estamos muitos, se formos precisos poucos, estamos poucos”, disse. Por todo o país, cerca de 3500 militares da GNR estarão na rua, com Fátima no caderno de encargos, embora não totalmente dedicados a ela.
Os elementos da GNR envolvidos na operação vão apostar na “monitorização, sensibilização e dissuasão de possíveis movimentos, quer apeados, quer em viatura”. O controlo aperta-se nas proximidades de Fátima, com os militares desta força de segurança a posicionarem-se nos acessos da auto-estrada à localidade, controlando “todas as viaturas, um bocado à semelhança do que foi feito na Páscoa e naqueles momentos em que não se podia andar de um concelho para o outro”, esclareceu Vítor Rodrigues à agência de notícias.
Todos os revelarem a intenção de ir ao santuário serão convencidos a não prosseguir, até porque tal não é possível. O local estará fechado durante o que seriam as horas por excelência das celebrações, assim como os parques de estacionamento que o servem. Não é “um cerco no sentido literal de musculação de força”, garantiu o responsável da GNR, embora o efeito pretendido seja o mesmo — a ausência de peregrinos em Fátima.
As perspectivas não são más. O fim-de-semana foi calmo. A diocese de Leiria-Fátima e o reitor do Santuário multiplicaram-se em apelos para que os peregrinos ficassem em casa, insistindo que não será sequer possível aceder ao recinto. O boletim meteorológico também dá uma ajuda, com a promessa de chuva para os próximos dias. Além disso, nos contactos estabelecidos com hotéis da cidade, Miguel Borges diz que a resposta foi animadora, do ponto de vista do controlo de pessoas ao local: alguns não vão abrir, as reservas existentes são “muito poucas e algumas estão a ser desmarcadas”. Razões para que o responsável distrital da Protecção Civil se diga “tecnicamente pessimista, mas realisticamente optimista” para os próximos dias.
Este será o primeiro ano, desde 1917 em que não haverá peregrinos em Fátima. Em alternativa, o santuário pediu aos fiéis para que, este ano, façam uma “peregrinação com o coração”, sem saírem de casa. No recinto, cumprindo todos os passos habituais das celebrações do 13 de Maio deverão estar apenas membros da igreja e funcionários do santuário, que constituam o mínimo de pessoas indispensáveis à realização das celebrações.