Em Março e Abril morreram mais 1667 pessoas do que no mesmo período de 2019

Há 52 municípios em que o número de óbitos é 1,5 vezes superior ao valor registado no mesmo período do ano passado, revela o Instituto Nacional de Estatística.

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Manuel Roberto

Em menos de dois meses, entre 1 de Março e 26 de Abril deste ano, morreram mais 1667 pessoas em Portugal do que no mesmo período do ano passado e mais 580 face a 2018, adianta o Instituto Nacional de Estatística (INE). A subida da mortalidade por todas as causas resulta sobretudo do aumento dos óbitos em pessoas com 75 e mais anos, mais 1597 do que em idêntico período de 2019, especifica o INE numa avaliação sobre o impacto sócio-económico da pandemia de covid-19 esta terça-feira divulgada.

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Em menos de dois meses, entre 1 de Março e 26 de Abril deste ano, morreram mais 1667 pessoas em Portugal do que no mesmo período do ano passado e mais 580 face a 2018, adianta o Instituto Nacional de Estatística (INE). A subida da mortalidade por todas as causas resulta sobretudo do aumento dos óbitos em pessoas com 75 e mais anos, mais 1597 do que em idêntico período de 2019, especifica o INE numa avaliação sobre o impacto sócio-económico da pandemia de covid-19 esta terça-feira divulgada.

Mas só uma parte deste acréscimo da mortalidade resulta dos óbitos por covid-19 registados pela Direcção-Geral da Saúde — e que, no período aqui considerado pelo INE, ascendiam a menos de mil. O excesso de mortalidade por todas as causas verificado desde o início do surto epidémico de covid-19 em Portugal tem sido objecto de vários estudos.

Num artigo publicado na última edição da Acta Médica, a revista científica da Ordem dos Médicos, um grupo de investigadores estimou o excesso de mortalidade entre 1 de Março e 22 de Abril considerando vários cenários para concluir que terá sido superior em 1800 se se considerar o período homólogo, e de mais de 2400, se tiver em conta os meses de Abril e Maio (em que a mortalidade desce). Este valor podia mesmo ser superior em 4 mil óbitos caso se considerasse o mês de Agosto, acrescentavam — explicando a comparação com a diminuição de actividade durante o estado de emergência. 

Já num estudo anterior da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, os investigadores tinham calculado uma mortalidade acima do expectável  de 1255 óbitos, entre 16 de Março e 14 de Abril, quando comparada com a média diária observada nos dez anos anteriores.​  Para ajudar a perceber estes valores, propunham várias explicações. Por um lado, algumas destas pessoas poderão ter morrido por covid-19 fora do ambiente hospitalar, sem acesso a testes de diagnóstico, e outras pessoas, com doenças agudas ou crónicas graves, podem não ter procurado o sistema de saúde por "medo de serem contaminadas”

Com base na mortalidade e outros indicadores, o INE traça agora um breve retrato do impacto do surto epidémico de covid-19 no país, que varia de forma assinalável de região para região. Basta ver que em 173 dos 308 municípios o número de óbitos registados em quatro semanas (entre 30 de Março e 26 de Abril de 2020) foi superior à média para o mesmo período em 2018 e 201, enquanto em 135 se verificou o contrário. E há 52 municípios com um número de óbitos 1,5 vezes superior ao valor registado no período homólogo.

Também é grande a heterogeneidade regional no número de casos confirmados por covid-19 em Portugal. No total, se por cada cada 10 mil habitantes existiam 26 casos confirmados da doença em todo o país, este indicador estava acima do valor nacional em 51 municípios (36 na região Norte). A este nível, destacam-se os municípios contíguos da Área Metropolitana do Porto com mais de 40 casos confirmados por 10 mil habitantes: Valongo, Matosinhos, Maia, Gondomar, Porto, Santo Tirso e Vila Nova de Gaia.

De igual forma, alguns municípios das regiões Centro (12), Área Metropolitana de Lisboa (Lisboa), Alentejo (Moura) e Região Autónoma dos Açores (Nordeste) apresentavam valores acima do nacional. Apesar desta diferenciação, entre 25 de Março e 6 de Abril já se observa uma disseminação espacial progressiva de covid-19 no conjunto do país, destaca o INE.