Covid-19: Portugal tem mais nove mortes, o número mais baixo desde final de Março, e 553 infectados
A DGS recusa relacionar o desconfinamento com o aumento dos casos de infecção e o Governo alerta que “desconfinar não é abrandar”. Há 2422 pessoas que recuperaram da infecção.
Nove pessoas morreram nas últimas 24 horas com covid-19, fazendo com que o número total de mortes em Portugal seja agora de 1114. Este número de mortes diárias é o mais baixo desde 23 de Março, quando foram também registadas nove mortes.
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Nove pessoas morreram nas últimas 24 horas com covid-19, fazendo com que o número total de mortes em Portugal seja agora de 1114. Este número de mortes diárias é o mais baixo desde 23 de Março, quando foram também registadas nove mortes.
A taxa de crescimento de mortes face ao dia anterior é de 0,81%, a mais baixa de sempre – o anterior recorde tinha sido registado na terça-feira (1%). Há ainda mais 553 pessoas infectadas do que na quinta-feira, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 2% – ao todo, são já 27.268 as pessoas que foram infectadas pelo vírus SARS-CoV-2 e 2422 as pessoas que recuperaram (mais 164 do que no dia anterior). Para se ser considerado “curado”, é preciso um teste negativo (se estiverem a ser tratadas em casa) ou dois (se estiverem internadas num hospital).
Há 842 pessoas internadas – menos 32 do que na quinta-feira – e 127 estão internados em unidades de cuidados intensivos, menos oito do que no dia anterior.
Os números foram divulgados esta sexta-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que actualiza o documento diariamente.
O concelho de Lisboa tem agora 1700 casos de infecção, o que corresponde a um aumento de 2,3% em relação ao dia anterior. É o concelho com mais casos. Segue-se Vila Nova de Gaia com 1445 casos de infecção; e o concelho do Porto com 1295 casos confirmados. Estes dados são aqueles registados na plataforma Sinave, o que corresponde a 88% dos casos confirmados.
A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse na conferência de imprensa desta sexta-feira que o aumento dos casos, sobretudo na região de Lisboa, está relacionado com vários factores. “A situação de Lisboa e Vale do Tejo, aparentemente, é multifactorial. O vírus continua a circular e não podemos esquecer-nos disso. Mas houve dois factores importantes. Primeiro, que Lisboa está a testar muita gente. Numa região onde o vírus circula, é normal que, quando se testa para rastreio, se encontrem casos positivos – que são assintomáticos e vão evoluir provavelmente bem. Depois, o outro factor que pode estar a alimentar o aumento de casos é o surto da Azambuja”.
A região norte continua a ser a mais afectada pelo vírus, com 15.809 casos de infecção e 639 mortes. Na região de Lisboa e Vale do Tejo há 7093 casos e 233 mortes e, no Centro, há 3564 casos e 214 mortes. O Algarve tem 345 casos e 13 mortes e o Alentejo conta 232 infectados e uma única morte. Os Açores têm 135 casos e 14 mortes e o arquipélago da Madeira soma 90 casos e nenhuma morte.
“Desconfinar não é abrandar”, alerta Governo
“A epidemia não acabou. Desconfinar não é abrandar”. O apelo é de António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, a falar nesta sexta-feira, na conferência de imprensa diária de actualização do estado da pandemia em Portugal. E acrescentou: “Regressar ao fluxo das vidas não pode e não deve pôr em causa o caminho feito até aqui. Nunca é demais dizer isto. Nunca é demais lembrar que o nosso sucesso depende de todos e de cada um”.
Questionado sobre o exemplo dado pela Assembleia da República – em que houve deputados a retirarem máscaras durante a sessão parlamentar –, António Lacerda Sales diz que “são decisões internas do parlamento”. “Não comentamos decisões do órgão de soberania”, disparou ainda, apesar de lembrar que “estamos todos em fase de adaptação”. “A fase de aprendizagem permanente aplica-se a todos”, concluiu.
Apontando que “temos de ter precaução, precaução, precaução”, Graça Freitas, directora-geral da Saúde, abordou a fase de desconfinamento em Portugal. Questionada concretamente sobre se o aumento do número de casos foi desencadeado pelas medidas de desconfinamento, a DGS é clara: “Não podemos dizer que seja do desconfinamento”. E detalha: “Talvez seja um bocadinho cedo para essa conclusão. Sabemos que houve muitos casos encontrados em rastreios em populações específicas. E temos também o surto a decorrer na Azambuja, que contribuiu com número grande de casos”.
Acerca das indicações sanitárias dadas aos restaurantes, a Direcção-Geral da Saúde, pela voz de Graça Freitas, alerta que “as orientações de boas práticas incluem a responsabilidade da entidade que detém o restaurante, mas também dos clientes (…) é uma epidemia em que as respostas são colectivas”.
“Todos estamos em risco. Se não aprendermos a ter outra forma de estar, vamos continuar em risco e pôr em causa tudo o que conseguimos a fazer”, adverte também.
Questionada pelo PÚBLICO sobre a revisão das normas para as grávidas – sobretudo relacionadas com a indicação de que grávidas infectadas não devem amamentar –, Graça Freitas deixou a garantia de que o assunto está a ser tratado.
“A norma da gravidez e do parto é uma das nossas prioridades. Vamos, obviamente, rever a norma e estar atentos às questões que colocou”, avançou, apesar de olhar para o assunto com tranquilidade: “As grávidas têm um factor de confiança, que é terem médicos e enfermeiros que as assistem e podem guiá-las. Mas claro que são uma prioridade e vamos emitir uma orientação actualizada. A data vai ser a mais breve possível”.
Na quinta-feira, tinha sido registado um total de 1105 mortes e 26.715 casos (o que correspondia a um aumento de 2% face ao dia anterior). Por todo o mundo, há quase quatro milhões de casos de infecção e 270 mil pessoas que morreram.