SOS: a comunidade LGBTI+ de Marrocos precisa de ajuda

É impensável que em pleno século XXI haja pessoas espancadas, torturadas e presas apenas por quererem viver a sua sexualidade de forma livre. A situação é tão crítica que começam a circular relatos de suicídios.

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Os relatos que nos chegam de activistas, membros e simpatizantes da comunidade LGBTI+ em Marrocos, já antes da actual pandemia em que vivemos, são extremamente assustadores e devem preocupar todos os defensores dos direitos humanos. Falamos de um país onde não há qualquer direito salvaguardado na Constituição para com estas pessoas.

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Os relatos que nos chegam de activistas, membros e simpatizantes da comunidade LGBTI+ em Marrocos, já antes da actual pandemia em que vivemos, são extremamente assustadores e devem preocupar todos os defensores dos direitos humanos. Falamos de um país onde não há qualquer direito salvaguardado na Constituição para com estas pessoas.

Um país onde um vizinho tem a legitimidade de chamar a polícia para denunciar uma relação entre duas pessoas que se amam e que vivem tranquilamente na sua própria habitação. Um país onde um homofóbico acaba por ter a legitimidade de agredir um casal homossexual de forma impune e, no fim, quem é condenado é o casal e nunca o agressor.

Em 2016, um casal lésbico marroquino foi fotografado a dar um beijo, um gesto tão simples e humano, por um primo de uma dessas mulheres. Essa fotografia resultou na prisão imediata das duas, uma vez que as práticas homossexuais em Marrocos são punidas com pensas de seis meses a três anos de prisão. O encarceramento resultou num movimento internacional pela libertação das mesmas, com a hashtag: #freethegirls.

Durante a pandemia do novo coronavírus, a situação em Marrocos piorou para a comunidade LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, intersexo e outras identidades), adquirindo proporções nunca antes vistas. Surgiu um movimento homofóbico organizado no país, com um significativo número de pessoas a infiltrar-se em aplicações de encontro da comunidade, como o Grindr, visando expor fotografias e dados pessoais dos utilizadores.

A exposição destes dados está a levar a que centenas de pessoas LGBTI+ estejam a ser expulsas de casa e despedidas, o que está a criar uma nova vaga de desalojados no país meramente devido à sua orientação sexual. É impensável que em pleno século XXI haja pessoas espancadas, torturadas e presas apenas por quererem viver a sua sexualidade de forma livre. A situação é tão crítica que começam a circular relatos de suicídios.

O governo liderado por Saadeddine Othmani mostra-se completamente insensível com estas graves violações dos direitos humanos. O discurso de ódio sob o álibi de valores morais religiosos é gritante e ameaçador para qualquer sociedade que se tenta afirmar como “democrática.” Para piorar a situação, a comunicação social do país incentiva este discurso de ódio, com piadas extremamente desumanas e ainda divulgação das pessoas expostas em directo.

Por vezes, pensamos que os direitos que estão garantidos no nosso país, após décadas e décadas de luta, estão assegurados noutros países. Infelizmente, a realidade não é essa. Marrocos precisa de ajuda, precisa de uma vaga de apoio internacional na defesa da comunidade LGBTI+ desse mesmo país.

Tal como em 2016, é tempo de o mundo abrir os olhos para o que se passa em Marrocos e em outros países onde, durante a pandemia de covid-19, a comunidade LGBTI+ se encontra, mais do que nunca, exposta a hostilidades. Urge uma pressão internacional de vários países, activistas, ONG’s, políticos, defensores dos direitos humanos e simples democratas. #SOSLGBTMorocco