Entre o PCP e os festivais de Verão

Há um leque de opções viáveis que nos são facultadas nesta época distinta e que nos permitem adaptar eventos e comemorações de forma segura para todos. Não há a necessidade de colocar em risco parte da comunidade, havendo outras opções perfeitamente exequíveis.

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Paulo Pimenta

Depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter apresentado o plano de desconfinamento, parece que começámos, finalmente, a ver a luz ao fundo do túnel. O levantamento de algumas restrições e a implementação de novas medidas deram-nos a sensação de um regresso gradual à normalidade. Neste sentido, começaram a surgir várias dúvidas, como é natural. Entre elas, a preocupação respeitante à realização ou não de eventos futuros nas várias vertentes culturais. Um dos alvos de discussão têm sido os festivais de música, para muitos sinónimo de Verão, diversão e boa companhia.

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Depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter apresentado o plano de desconfinamento, parece que começámos, finalmente, a ver a luz ao fundo do túnel. O levantamento de algumas restrições e a implementação de novas medidas deram-nos a sensação de um regresso gradual à normalidade. Neste sentido, começaram a surgir várias dúvidas, como é natural. Entre elas, a preocupação respeitante à realização ou não de eventos futuros nas várias vertentes culturais. Um dos alvos de discussão têm sido os festivais de música, para muitos sinónimo de Verão, diversão e boa companhia.

Embora sejam apoiados e esperados pela maioria, os festivais de Verão foram, esta quinta-feira, 7 de Maio, proibidos até ao dia 30 de Setembro de 2020. A decisão foi oficializada, para o desagrado de muitos, e contou com um esclarecimento adicional que deu a conhecer a possibilidade de trocar o custo do bilhete por um vale que pode ser utilizado posteriormente. 

Este assunto levantou rapidamente outra questão, já abordada há umas semanas, mas sem nenhuma conclusão. Falo da Festa do Avante! e da possibilidade de se concretizar também este ano. O PCP mantém, até ao momento, a decisão em aberto. No entanto, adiantou já algo sobre o assunto, comparando a Festa do Avante! aos festivais de Verão, declarando que se “realiza desde 1976, muitos anos antes da existência daquele tipo de festivais” e que “não é um simples festival de música”.

Em relação à primeira afirmação, não me parece que o facto de ser costume realizar-se tal festa há 44 anos seja uma razão válida para que se efectue este ano. Houve, e ainda haverá, muitos eventos profissionais, pessoais ou sociais que foram cancelados, em prol da saúde e do respeito por todos. Estamos a viver tempos atípicos e sem precedentes, como tal é imprescindível que nos adaptemos.

Passando à segunda declaração, não me parece justo julgá-la como tal. Pode até não o ser um “simples festival de música”, podemos até considerar uma celebração, um evento. De qualquer forma, a palavra “festa”, no dicionário Priberam, tem como definição “reunião em que há regozijo” e, por sua vez, a palavra “reunião”, pelo mesmo dicionário, é definida como “agregação, ajuntamento, fusão”. Ora, também a Festa do Avante!, independentemente do que simbolize ou da importância que tenha para parte da população, resulta num ajuntamento de pessoas, aquilo que, nos últimos tempos, temos sido aconselhados a evitar.

Há um leque de opções viáveis que nos são facultadas nesta época distinta e que nos permitem adaptar eventos e comemorações de forma segura para todos. Não há a necessidade de colocar em risco parte da comunidade, havendo outras opções perfeitamente exequíveis. Assim, não proponho, de maneira nenhuma, que tal evento seja cancelado e não se realize de todo, até porque acredito que devemos ter a liberdade e o direito de apoiar os eventos que quisermos, apelo ao bom senso e ao respeito. Falemos de festas, festivais ou qualquer outro ajuntamento, continuemos a contribuir no presente para alcançarmos um futuro melhor, bem longe da pandemia.